NOS assina com a CMTV e tira exclusivo à Meo
Depois de garantir os direitos de emissão dos jogos do Benfica, a NOS desfez o exclusivo que a Meo tinha com o canal de informação da Cofina
A CMTV vai deixar de ser um exclusivo da Meo. O canal televisivo da Cofina Media vai estar na lista de canais do grupo liderado por Miguel Almeida no próximo ano. “A NOS e a Cofina acordaram que a CMTV, canal que completará três anos no próximo ano e estava até agora em exclusivo numa única plataforma de televisão, passará a estar disponível, a partir de 14 de Janeiro” na grelha da NOS, revelou esta segunda-feira, em comunicado, a empresa controlada pela Sonae e pela angolana Isabel dos Santos.
O negócio fica fechado poucas semanas depois de a NOS ter conseguido garantir os direitos exclusivos dos jogos em casa do Benfica, antecipando-se à empresa do grupo Altice, que também esteve em negociações com o clube.
A CMTV tem contrato válido com a Meo até final de 2016. Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, este acordo poderia ser interrompido no segundo ano desde que a empresa da Altice fosse indemnizada. Com o alargamento das emissões a outra plataforma, a CMTV poderá agora aumentar as receitas comerciais, ainda que o fee de transmissão garantido pela Meo (PT) venha a diminuir.
A ambição da CMTV de deixar de estar limitada à Meo não é de agora. O canal foi lançado em Março de 2013 e, no ano seguinte, os responsáveis já diziam que queriam estar em todas as plataformas. Em Março deste ano, por altura do segundo aniversário, o director da CMTV e do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, sublinhou que a CMTV era “um peixe demasiado grande para o aquário Meo”, que representa cerca de 40% das receitas da televisão paga, ligeiramente abaixo da NOS, que é líder neste negócio, com mais de 1,5 milhões de clientes.
"Se não for por um lado, será pelo outro. Nos próximos meses temos de vencer este cerco", disse o jornalista numa entrevista à Lusa. Ao longo do ano (e mesmo antes de a Altice concretizar a compra da PT, dona do MEO), a CMTV manteve contactos com Vodafone e a NOS. Pelo que o PÚBLICO apurou, ainda não há acordo com a empresa liderada por Mário Vaz.
O canal de televisão do Grupo Cofina, que tem emissão contínua (24 horas por dia) aposta em sinergias com os títulos Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record, Sábado e Flash e tem tido um crescimento de audiências significativo, rivalizando com a SIC Notícias, TVI24 e RTP 3. Foi o próprio Correio da Manhã que noticiou, no início deste mês, que a CMTV “bateu novamente o seu recorde de audiências e conseguiu mesmo ter mais espectadores do que a RTP 3” em Novembro. Destacando o facto de a CMTV estar limitada à posição 8 da MEO, enquanto a RTP 3 está disponível em todas as plataformas, o jornal diz que a CMTV registou uma audiência total de 749.580 telespectadores, em média, em cada dia do mês.
O diário da Cofina cita ainda os dados da empresa de estudos de mercado GFK e diz que o canal registou um share médio mensal de 1% e foi visto em cada minuto por uma média de 19.790 pessoas (mais 9% face a Outubro), enquanto o canal de informação da emissora pública atingiu 19.680 espectadores.
“A tendência de crescimento da CMTV mantém-se de forma sustentada desde o início das emissões registando um crescimento superior a 140% no share acumulado anual 2014/2015”, destaca a NOS no comunicado, em que frisa a que inclusão deste canal na sua grelha “reforça a aposta na produção e distribuição de conteúdos relevantes para os seus clientes, nomeadamente de língua portuguesa”.
O canal de televisão da Cofina também emite para Angola e Moçambique. Tem estúdios próprios e uma equipa de 80 pessoas, embora envolva os profissionais ligados aos outros títulos do grupo, num total de 450 pessoas. A empresa de Miguel Almeida destaca na oferta televisiva do canal programas como o Rua Segura, o Mercado, a Hora Record e o Flash Vidas.
Segundo a Anacom, a NOS manteve-se em Setembro na liderança do mercado de televisão paga, com uma quota de 43,7%, enquanto a Meo acabou o trimestre com uma quota de 41,1%. Neste período a Vodafone foi a empresa que conseguiu mais assinantes, finalizando o trimestre com uma quota de 9,6%.