Nestlé dispensa 15% dos trabalhadores em África
Apenas uma pequena porção das pessoas constituem a classe média, o que torna o consumo pequeno para as grandes empresas.
Nos 21 países africanos onde a multinacional está presente, o investimento de mil milhões de dólares não deu o resultado esperado, que seria o negócio duplicar de três em três anos.
"Pensámos que África seria a próxima Ásia, mas já percebemos que a classe média na região é extremamente pequena e não está realmente a crescer", disse o director executivo da Nestlé.
Segundo dados de 2014 do Banco Africano de Desenvolvimento, nos últimos dez anos, um em cada três africanos atingiram a classe média. O estudo desta instituição, iniciado há vinte anos, mostra que 42% da população em 2060 irá pertencer a esta classe social.
O responsável africano da maior empresa de bens alimentares do mundo afirmou que, ao contrário dos dados mostrados por instituições como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, a classe média, neste continente, não atingiu um número assim tão elevado.
Deste modo, esta diminuição do universo laboral da Nestlé pode demonstrar a dificuldade que as empresas internacionais têm em estabelecer-se no mercado africano. Nestas zonas, os mercados são controlados, principalmente, por pequenas empresas locais com produtos com características específicas e preços mais baixos.
A multinacional foi já obrigada a encerrar os seus escritórios em países como o Uganda e Ruanda, cortar em 50% a sua linha de produtos e poderá, ainda, ter que que fechar 15 armazéns, até ao próximo verão, neste continente. O responsável pela empresa em África afirmou que já seria bom se houvesse um aumento das receitas de 10% nos próximos anos.
"Não temos dinheiro suficiente para pagar as contas todos os meses, e com estes cortes esperamos conseguir atingir o break-even, um equilíbrio entre as depesas e as receitas, no próximo ano", disse o director da empresa para África.
Krummenacher admitiu que a Nestlé já se viu obrigada a contrair empréstimos em bancos da Suíça para pagar salários e comprar matérias-primas.
Notícia editada por José Manuel Rocha