Ministra das Finanças diz que impostos só baixam com redução da despesa
Maria Luís Albuquerque falou para uma sala cheia no Porto no âmbito de jornadas promovidas pelo PSD.
Num discurso no âmbito das quintas jornadas Consolidação, Crescimento e Coesão do Partido Social Democrata (PSD), a governante recordou que a execução orçamental de 2014 foi conseguida "dois terços à custa da despesa e um terço à custa da receita".
"Cá estamos a chegar onde queríamos: reduzir mais na despesa do que aumentar na receita. Porque enquanto não reduzirmos estruturalmente na despesa, não vamos poder baixar os impostos, as taxas de imposto, que é claramente algo que queremos fazer", disse Maria Luís Albuquerque perante uma sala cheia no Porto.
A ministra realçou que dar boas notícias é sempre "mais fácil", mas que, neste momento, "os portugueses, hoje, têm é de sentir as boas notícias".
"Todos nós, que andamos na rua, sentimos que há mais confiança, sentimos que as pessoas estão mais leves, sentimos que há mais consumo, sentimos que há mais carros na estrada", declarou.
Num discurso em que não abordou directamente o tema da Grécia, Maria Luís Albuquerque disse esperar conseguir que "o ministro das Finanças e as contas públicas sejam um tema bem menos apaixonante na próxima legislatura", isto porque os ministros das Finanças, "quando as coisas correm bem, são pessoas que não têm importância nenhuma".
"Sem trabalho, sem consistência, sem cumprimento de regras não podemos querer ter os benefícios de estar na União Europeia, de estar no euro, de ter parceiros comerciais, de ter acessos a mercados e de ter uma ambição legítima de uma vida melhor", afirmou Maria Luís Albuquerque.
A ministra acrescentou ainda: "Somos ensinados desde pequeninos que não se pode ter tudo e frequentemente achamos que é muito injusto, que nada se faz sem trabalho e depois curiosamente alguns chegam a adultos e esquecem-se e acham que é possível ter tudo".
"Olhem para a Grécia e vejam o que deu"
Falando nas mesmas jornadas, o porta-voz do PSD, Marco António Costa, disse que é "confortável para um português" saber que o país está melhor do que a Grécia, considerando que a "estratégia da oposição" colocaria o país na situação de Atenas.
"2015 será um ano marcado por factos inequivocamente positivos para os portugueses. Temos as taxas de juro mais baixas da nossa história, julgam que isso se conquistou com a estratégia da oposição? Olhem para a Grécia e vejam o que é que deu a estratégia da oposição", pediu o porta-voz do PSD durante a sua intervenção.
Marco António Costa disse que é bom saber-se que Portugal partiu do mesmo ponto que a Grécia, em 2011, e que hoje "os resultados estão à vista de qualquer cidadão".
"É muito confortável para um português saber que, em 2011, todos se preocupavam connosco, com Portugal e com a Grécia, e que hoje, juntamente com os outros, estamos só preocupados com a Grécia, porque nós deixamos de fazer parte do problema e somos só parte da solução", sublinhou o dirigente do PSD.
Também hoje, a dirigente e deputada do PSD Teresa Leal Coelho havia distinguido o contexto nacional da situação da Grécia, defendendo que Portugal virou a página no quadro europeu, e antevendo "mais agruras" para os gregos.
"Com total respeito pela decisão eleitoral dos nossos concidadãos gregos, quero aqui afirmar que o que nos separa das circunstâncias da Grécia é o facto de não termos feito o que o PS queria para Portugal", afirmou a vice-presidente do PSD, numa declaração política em plenário, acrescentando: "Foi por isso que virámos a página, e virámos a página no quadro europeu".
A bolsa de Atenas encerrou a perder 9,24% e os juros da dívida helénica dispararam mais de 10%, um dia depois da tomada de posse do novo Governo.
O índice de referência da bolsa helénica — Athex — recuou para os 711,3 pontos e o volume de transacções ascendeu a 119,40 milhões de euros.
No mercado secundário, os títulos da dívida soberana a dez anos dispararam, pelas 16h em Lisboa, para os 10,357%, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg.