Miguel Pais do Amaral é o administrador com cargos em 73 empresas
A acumulação de cargos em administração em empresas cotadas foi tema do último relatório sobre o bom governo das sociedades cotadas, divulgado esta semana pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O documento não identifica nenhum dos administradores visados, mas indica que o gestor de mais empresas acumula cargos na administração de 73 sociedades e levanta questões sobre a capacidade para gerir tantos cargos e eventuais conflitos de interesse.
Em declarações ao Jornal de Negócios, o dono do grupo editorial português Leya confessou até que acha “alguma piada” ao facto de ser o português com mais cargos em conselhos de administração.
No entanto, acrescentou também que é accionista de todas as empresas em que é administrador, menos numa espanhola para o qual foi convidado. “O facto é que sou accionista de todas as empresas onde sou administrador [menos numa], o que é recomendável em qualquer regra de corporate finance”, justificou, em declarações ao Jornal de Negócios.
Já em declarações ao Diário Económico, Pais do Amaral afirmou que “muitas dessas empresas têm conselhos de administração que não se reúnem, ou se reúnem mensalmente. Não creio que seja uma questão muito relevante”, disse àquele jornal.
Miguel Pais do Amaral é também presidente não executivo da Media Capital (grupo da TVI, no qual detém 10%), administrador e o maior accionista da Reditus, empresa ligada às novas tecnologias, e detém um grande leque de interesses financeiros através da Quifel Holdings, tanto em Portugal como no estrangeiro.
No relatório divulgado esta semana, a CMVM indica também que no final de 2010, 17 pessoas acumulavam funções de administrador em 30 ou mais empresas, enquanto outros 55 administradores se limitavam a uma só empresa.
De acordo com contas avançadas pelo Jornal de Negócios, Gonçalo Andrade Moura Martins (administrador no grupo Mota-Engil) e Manuel Teixeira Duarte (Teixeira Duarte) são também dos que mais cargos acumulam. No final de 2011, o primeiro estava em 51 empresas e o segundo em 45.
Por vezes, a acumulação de cargos ocorre porque os administradores das holdings – sociedades que são a cúpula do grupo ou de uma determinada área de actividade dentro daquele – estão também automaticamente representados noutras sociedades mais abaixo ou nas quais o grupo detém acções.
Outros administradores, como é por exemplo o caso de António Nogueira Leite, estão representados em empresas de diferentes ramos de actividade. De acordo com o mesmo jornal, o gestor estava em 25 cargos de gestão no final de 2011, em empresas como a Brisa, EDP Renováveis e Reditus.