Manuela Ferreira Leite considera cortes nas pensões “profundamente imoral”
Antiga presidente do PSD desfez ponto por ponto medida do Governo.
No seu habitual comentário no programa Política Mesmo na TVI24, a antiga presidente do PSD desfez ponto por ponto e de forma muito dura a medida do Governo aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros.
“Antes de ser constitucional ou não ser constitucional (…) no ponto fundamental é profundamente imoral. E na política, como na vida, nós, a despeito dos objectivos, temos de olhar aos meios que utilizamos para atingir esses objectivos”, afirmou a social-democrata.
E para Manuela Ferreira Leite na política é necessário existirem “princípios e valores” que “têm estar presentes nas decisões”. “Este é um caso dramático e gritante e algo que não pode ser feito numa sociedade e que a sociedade não pode aceitar.”
A antiga presidente fala mesmo em “leviandade, ligeireza e superficialidade” como esta matéria está a ser encarada pelo Governo.
“Agride uns princípios tão fundamentais e tão básicos do que é a relação entre as pessoas, do que é a construção de vida das pessoas, do que é o drama que implica nas pessoas, que não creio que haja o direito de ela ser aplicada sem ser com uma profunda ponderação que deve envolver as forças vivas deste país”, acrescentou.
Ferreira Leite nega haver uma injustiça dos funcionários públicos em relação aos trabalhadores do privados porque “não se pode pôr igual aquilo que é diferente ”.
A antiga ministra de Cavaco Silva considerou ainda uma “brincadeira de mau gosto” que esta medida seja apresentada pelo Governo como temporária enquanto o país estiver em crise porque os objectivos do Governo não serão atingidos. “O único objectivo disto é transmitir ao Tribunal Constitucional que esta é uma medida temporária e não definitiva. “Não sei quem acredita nisto”, acrescenta.
Ferreira Leite prevê também que dentro de algum tempo o Governo apresente cortes nas reformas que vão atingir todos e não apenas os aposentados da função pública. “Esta media é um teste a pessoas que não fazem greve, que que não têm representação na concertação social, que não têm nenhuma legislação que os proteja. Mas é evidente que isto não resolve nenhuma reforma orçamental.”
A social-democrata recusa colocar a questão nas questões partidárias, mas lamenta muito que “haja um partido social-democrata e um partido democrata cristão que subscrevem uma situação desta natureza”.
“Uma sociedade que aceita esta situação, de se poder socializar uma classe de reformados, é uma sociedade que está doente”, acrescentou.