Mais de metade das empresas estão a financiar a inovação com fundos próprios
Recurso ao crédito bancário tem maior peso em Portugal do que em dez países analisados no Barómetro Internacional do Financiamento à Inovação.
O estudo, elaborado pela consultora Alma CG, foi apresentado nesta quinta-feira em Lisboa, num encontro que contou com a participação de Daniel Bessa, director-geral da Cotec.
Entre as economias analisadas (Bélgica, Canadá, República Checa, França, Alemanha, Hungria, polónia, Espanha, Portugal e Reino Unido), o auto-financiamento pesa 53% no dinheiro gasto com a inovação e desenvolvimento (I&D). Segue-se o financiamento externo, que inclui o recurso a fundos públicos e privados.
O elevado recurso aos meios próprios é sinal de que as empresas estão a utilizar a “prata da casa” para conseguirem produzir produtos e serviços novos, explica Nuno Nazaré, da Alma CG. “Há alguma liquidez, mas quando olhamos para os números verificamos que o grande peso dos custos com inovação são com recursos humanos que, mais do que investimento, são despesas correntes”, afirma. O aperto financeiro, leva as empresas portuguesas a evitar recorrer a terceiros para desenvolver inovação e a optimizar recursos, acrescenta.
Apesar das restrições ao crédito, a banca garante 17% do financiamento à inovação em Portugal, acima dos 10% registados na média global. Das empresas que recorrem a verbas externas, a larga maioria (57%) depende da banca, mais do que os restantes inquiridos (39%).
Os fundos públicos, na forma de incentivos fiscais, a fundo perdido ou empréstimos reembolsáveis, pesam 26% no investimento feito nos dez países em análise. As grandes empresas são as mais dependentes deste tipo de fundos, usados por 31% das organizações nos últimos três anos. Os incentivos fiscais à inovação e desenvolvimento são o mecanismo de referência mais usado pelas empresas (58%). Em Portugal, 52% dos inquiridos que usam recursos financeiros externos (ou seja, não são fundos próprios) dizem recorrer ao incentivo fiscal. Menos comuns, são os incentivos a fundo perdido e empréstimos reembolsáveis (40%, que compara com 54% da média global).
Com o investimento, 40% das empresas portuguesas aumentou o número de postos de trabalho dedicados à I&D e 60% diz que aumentou o volume de negócios das novas ofertas. A maior parte das organizações nacionais beneficiaram do SIFIDE, o sistema de incentivos fiscais à I&D empresarial, mas 24% manifestaram-se preocupadas com o fim do mecanismo ou com a redução das despesas elegíveis.
Questionados sobre as perspectivas para 2013, 58% dos inquiridos dos dez países prevêem aumentar as receitas conseguidas pela inovação de produtos e serviços e 50% espera crescer a nível internacional.