José Eduardo dos Santos diz que trabalhadores portugueses são bem-vindos em Angola
Em entrevista à SIC, Presidente angolano fala em grande procura por quadros e pessoal qualificado, dos pequenos aos grandes negócios.
Questionado sobre o estado das relações entre Angola e Portugal, o Presidente angolano elogiou o “quadro de amizade e compreensão” que vigora entre os dois países, com “vantagens mútuas”, e destacou particularmente a área económica. Ainda assim lamentou "alguns problemas localizados em certos círculos da vida portuguesa, talvez por um saudosismo do passado".
Referindo-se à presença de cerca de 200 mil trabalhadores portugueses no país, o Presidente angolano disse que “são bem-vindos”, particularmente os quadros e pessoal qualificado: “A procura é grande, dos pequenos aos grandes negócios”, sublinhou.
José Eduardo dos Santos manifestou a sua satisfação pelo investimento português em Angola – mas mencionou também a “concorrência” de outros países com quem o seu Governo mantém “relações dinâmicas e multifacetadas, que satisfazem interesses mútuos”, nomeadamente o Brasil e a China, mas também, por exemplo, Israel.
Depois de enumerar os esforços do seu Governo para a consolidação da paz, o aprofundamento da democracia e fortalecimento da unidade nacional, o Presidente angolano falou nos investimentos em obras públicas para a reconstrução da infra-estrutura e ainda dos programas de combate à pobreza, de educação e de saúde que tornam o país mais apetecível ao investimento estrangeiro.
A meta do seu Governo, informou, é chegar ao patamar dos países emergentes. A receita passa por uma boa gestão das finanças públicas e por tornar as empresas competitivas, explicou. “Temos de garantir o crescimento sustentado da economia e uma boa política fiscal que permita atender às necessidades sociais do Estado”, observou, acrescentando que o seu Governo lançou políticas para o desenvolvimento da agricultura e da indústria extractiva e transformadora.
José Eduardo dos Santos garantiu também que o seu Governo continuará a apoiar os investimentos angolanos no estrangeiro. O exemplo que apontou foi o da petrolífera estatal Sonangol, que segundo disse “ainda não tem muita experiência”, mas que está a “aprender”.
Quanto à situação política interna, rejeitou a ideia de instabilidade social no país, desvalorizando a importância de algumas manifestações com não mais de 300 pessoas como “fenómenos muito localizados” e que terão a ver com “grupos de jovens a exprimir certas frustrações”.