Greve na TAP já obrigou 27 mil passageiros a mudarem de planos
Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) vai avançar com a greve de 24 horas marcada para este sábado, com efeitos a partir da meia-noite.
A greve de 24 horas marcada para este sábado (a partir da meia-noite), convocada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) a 25 de Julho, deverá mesmo ocorrer, já que não estava prevista nenhuma reunião de última hora entre o SPAC e a administração da TAP. Assim sendo, é primeira vez, desde há cerca de cinco anos, que uma ameaça de greve se concretiza.
Questionada sobre se a greve teria impactos já durante esta sexta-feira (antes da meia-noite), a TAP esclarece que “só a partir da hora de início da greve haverá consequências”. Para já, diz, “dos 350 voos previstos temos 200 realizados”, entre voos da TAP mas que são operados pela PGA (que, esclarece a empresa, não está em greve), “mais voos de serviços mínimos ou outros”. Esta semana, o Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social determinou a obrigatoriedade de prestação de serviços mínimos, com a realização dos voos de regresso a Portugal e de 11 ligações a países lusófonos ou com grandes comunidades emigrantes.
A TAP destaca, no entanto, que “só no próprio dia, de acordo com o grau de adesão à greve, saberemos quantos voos são afectados”. O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Jaime Prieto, também não quis adiantar uma estimativa para os números de adesão. Certo é que, para além dos 27 mil passageiros que já mudaram as suas passagens, sábado deverá ser um dia mais confuso do que o habitual nos aeroportos de Portugal.
À greve dos pilotos junta-se outra, dos trabalhadores da Unitrato, Restaurantes e Bares do Aeroporto de Lisboa, que marcaram uma paralisação para os dias 7, 8 e 9 de Agosto. Isto porque, diz o Sindicato de Hotelaria do Sul, afecto à CGTP, a direcção da Unitrato quer “impor alterações aos horários, folgas e funções dos trabalhadores”. A Confederação do Turismo Português, presidida por Francisco Calheiros, já defendeu que a greve dos pilotos da TAP “terá um forte impacto negativo no turismo nacional”.
Uma "greve de manifesto"
Ao PÚBLICO, o presidente do SPAC diz que esta é “uma greve de manifesto”, um “grito de alerta” contra os problemas que se têm vindo a arrastar, como “o mau ambiente laboral, criado pela política administrativa”, e a “má gestão operacional” da equipa liderada por Fernando Pinto. Verifica-se uma saída de pilotos para outras companhias, destaca Jaime Prieto, quando, ao mesmo tempo, a transportadora aérea se alarga para novas rotas. “As compensações não são só dinheiro”, destaca, acrescentando que é preciso haver “respeito pelos planeamentos”, quando o que sucede é a “vulgarização” de chamadas telefónicas a pressioná-los para irem voar quando estão de folga ou de férias.
Conforme escreveu o PÚBLICO, desde Abril que os pilotos estão em greve de zelo, recusando trabalhar além do que está estabelecido no acordo de empresa. Com a perturbação nos voos que ocorreu em Junho e Julho, esta situação tornou-se um verdadeiro problema. Nem mesmo os incentivos que a administração deu aos funcionários (aos pilotos, mas também às restantes categorias profissionais) serenaram os ânimos.