Grande distribuição diz que aumento do IVA vai travar os gastos dos portugueses
Sector antecipa ano “complexo” para o comércio. No primeiro trimestre, venda de produtos não alimentares cresceu, invertendo a tendência de quebra.
“O consumidor, de tão sensível que está, vai reagir de imediato [à subida do IVA] e vamos sentir um abrandamento no consumo. Temos essa experiência: qualquer facto tem, imediatamente, reflexo no comportamento do consumidor”, diz Ana Isabel Trigo de Morais, directora-geral da APED. Da restauração ao comércio, poucos esperavam um agravamento do imposto que, acredita a APED, “vai ter impacto na tendência de recuperação que se estava a verificar”.
Os dados da Nielsen divulgados esta quarta-feira pela associação mostram que, no primeiro trimestre, as vendas de bens alimentares aumentaram 4,5%. E, pela primeira vez nos últimos dois anos, os produtos não alimentares cresceram 8,5%, para um total de 521,7 milhões de euros.
O crescimento mais expressivo foi o da venda de aparelhos de telecomunicações, que aumentaram 50,1% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Seguiram-se os artigos de papelaria (+14,5%) e os electrodomésticos de linha branca (+9,4%). Os produtos de informática também conseguiram aumentar as vendas de 134,3 milhões para 142 milhões, ou seja, 5,4%.
“O ano começou com uma boa expectativa, mas temos a certeza que, com a entrada em vigor do diploma das práticas restritivas do comércio – que exige grande capacidade de adaptação e limita a actividade promocional – e anúncios de aumentos do imposto sobre o consumo, vamos continuar a sentir incerteza. Um dos pilares do consumo é a previsibilidade do enquadramento fiscal e jurídico”, diz Ana Isabel Trigo de Morais, criticando o aumento do IVA. “É uma forma de o Estado se ir financiar ao bolso dos portugueses”, disse.