Governo disponível para dar mais tempo à Galp para pesquisar petróleo na bacia do Alentejo
Secretaria de Estado da Energia reconhece que operações de prospecção implicam investimentos muito elevados "totalmente suportados pelas petrolíferas".
A possibilidade surge na sequência do abandono da Petrobras da prospecção de petróleo em Portugal, confirmada na passada segunda-feira, saindo desta vez do consórcio com três áreas de concessão na bacia do Alentejo (Lavagante, Santola e Gamba). Em Julho passado, já tinha vendido à Repsol a posição de 65% que detinha em outro consórcio com áreas concessionadas na bacia de Peniche e constituído pela Galp e Partex, para além da própria Petrobras. Os valores destas operações não são conhecidos.
Fonte oficial da secretaria de Estado da Energia disse ao PÚBLICO que “o Governo pode considerar rever os prazos”, sobretudo no que se refere à realização de sondagem de pesquisa nas águas do Alentejo. A extensão de prazos tem sido considerada pela Galp um ponto fundamental para resolver a saída da Petrobras e para assumir a posição da petrolífera brasileira, já que passa a suportar sozinha um esforço de investimento pesado por se tratar de águas profundas. O que o Governo também reconhece: “Trata-se de áreas de fronteira em águas profundas e implicando investimentos muito elevados, a serem totalmente suportados pelas empresas petrolíferas”.
A Galp aguarda agora que o Governo aprove formalmente a venda da posição da companhia brasileira à sua congénere portuguesa, tendo solicitado o adiamento de um ano nos trabalhos de prospecção e estudos de avaliação e sondagem de pesquisa, segundo a mesma fonte.
A Petrobras está em pleno processo de desinvestimento a nível internacional, de modo a concentrar toda a sua actividade no Brasil e libertar capital para os gigantescos investimentos que tem de fazer para explorar o petróleo de grande profundidade na sua costa, designada por pré-sal, e para ultrapassar algumas dificuldades, que têm sido noticiadas, de financiamento no mercado.
Esta quarta-feira foi conhecida uma das maiores operações abrangidas por este plano. A PetroChina, uma das maiores petrolíferas do mundo, anunciou que chegou a acordo com a Petrobras e que lhe vai comprar todos os activos de petróleo e gás no Peru, por 2,6 mil milhões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros), ganhando também escala na América Latina.