François Hollande quer compromisso "razoável" sobre o orçamento da UE

François Hollande, Presidente francês, defendeu esta quarta-feira que a União Europeia (UE) deverá "fazer economias" no seu orçamento plurianual, mas sem que isso signifique "fragilizar a economia".

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Com esta posição, o Presidente francês procurou conciliar as posições diametralmente opostas, e à partida inconciliáveis, defendidas pelos países do Norte da UE, os principais contribuintes para o orçamento comunitário, que querem cortar as despesas europeias, e os do Sul e do Leste, que defendem, no mínimo, a sua manutenção aos níveis actuais, de modo a poderem continuar a beneficiar de importantes níveis de ajuda ao seu desenvolvimento económico. "Um compromisso é possível, mas tem de ser razoável", defendeu.

Segundo Hollande, as posições que vai defender na cimeira são um nível de despesas que preserve as políticas europeias, a preservação de uma política de apoio às regiões mais desfavorecidas (a chamada "política de coesão"), que permita "que a totalidade da Europa obtenha vantagens em termos de crescimento da economia", e uma "política agrícola que permita reforçar uma indústria agro-alimentar preciosa para a Europa". "Não oponho as duas políticas, agrícola contra coesão, temos de preservar as duas", afirmou. Posteriormente, e face a várias críticas dos líderes dos grupos parlamentares à defesa francesa da Política Agrícola Comum (PAC), afirmou: "Não posso deixar pensar que a França não é favorável à limitação das ajudas agrícolas". E garantiu que está "pronto a aceitar uma diminuição das ajudas directas aos agricultores". 

Segundo Hollande, o orçamento europeu deverá permitir igualmente "prolongar o pacto de crescimento" adoptado pelos líderes europeus em Junho passado" e apoiar "os europeus mais vulneráveis e mais expostos à crise" económica.

"Se é verdade que a crise da zona euro está agora largamente atrás de nós, estamos longe de ter tirado todas as consequências", afirmou o Presidente francês, avisando: "O que nos ameaça já não é a desconfiança dos mercados, mas a dos povos". Esta desconfiança, enumerou, resulta do desemprego, que afecta 27 milhões de cidadãos, a par de um em cada dois jovens, em vários países.

Hollande considerou, por outro lado, que os governos europeus não poderão deixar o euro "flutuar segundo o humor dos mercados" e de forma a pôr em risco a competitividade dos países europeus, defendendo igualmente a necessidade de uma reflexão "sobre o papel da nossa moeda no mundo". Esta reflexão, defendeu, deverá incluir uma "reforma do sistema monetário internacional". Caso contrário, "estaremos a pedir aos países para fazerem esforços de competitividade que são anulados pela valorização do euro", alertou.

Hollande pronunciou-se igualmente contra a ideia de uma Europa à la carte, em que cada país assumiria apenas as políticas do seu interesse, rejeitando as outras, como é defendido pelos conservadores britânicos.

E defendeu que os governos europeus deverão lançar um grande debate sobre o futuro da UE depois das eleições europeias de Junho de 2014. "Precisamos de definir uma nova ambição", afirmou, avisando que a "nova ambição não poderá reduzir a precedente" e referindo que a "nova etapa" pressupõe igualmente "fazer avançar a democracia". Um papel que deixou para o PE.

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