Euro sobe após notícia errada do Financial Times

Jornal tinha dois textos preparados sobre os anúncios do BCE. Publicou o artigo errado.

Foto
A imprensa britânica continua a ensaiar novas fórmulas. Este mês, o Independent abandonou a edição em papel Alessia Pierdomenico/Reuters

Há notícias que mexem imediatamente com os investidores e com mercados financeiros, sobretudo quando vêm de um dos mais respeitados jornais do mundo. E mesmo quando não são verdadeiras.

O britânico Financial Times publicou nesta quinta-feira um artigo em que afirmava que o Banco Central Europeu (BCE) iria deixar inalterada a taxa de juro dos depósitos que os bancos fazem junto da autoridade monetária. A medida seria contrária às expectativas dos investidores e o título do texto frisava a surpresa. Titulava o jornal, numa tradução livre: “BCE mantém taxas em decisão que causa choque”.

Dez minutos depois, o presidente do BCE, Mario Draghi, em conferência de imprensa, anunciava que a taxa ia descer, passando de -0,2% para -0,3%. É uma medida com que o banco central pretende desincentivar ainda mais os bancos a depositarem capital junto da instituição, tentando levá-los a emprestar mais dinheiro a indivíduos e empresas, numa altura em que a zona euro se debate com taxas de inflação próximas de zero.

Na era da informação ultra-rápida, a notícia do Financial Times espalhou-se imediatamente pela Internet, incluindo pelo Twitter, onde foi logo publicada, e levou mesmo a uma valorização do euro. Nos momentos que se seguiram à publicação da notícia, a moeda única europeia subiu de cerca de 1,05 dólares para mais de 1,08. O anúncio de Draghi acabou por motivar um pequeno deslize da divisa, uma vez que as novidades – que incluem a manutenção do limite mensal de compra de dívida pública – se revelaram menos expansionistas do que alguns investidores gostariam. Mas o euro acabou por recuperar depois para valores novamente acima de 1,08 dólares.

O Financial Times explicou que se enganou a publicar um de dois textos que tinham sido previamente escritos. Cada um fora feito com base em cenários diferentes. “Devido a um erro de edição, [o artigo errado] foi publicado quando não deveria ter sido. Os fluxos automáticos fizeram com que o erro inicial fosse ampliado, ao ser simultaneamente publicado no Twitter”, lê-se numa nota do jornal, que entretanto apagou a notícia inicial.

A publicação – uma das mais reputadas, especialmente no meio financeiro – afirmou que vai rever os seus processos internos “para assegurar que estes erros não podem voltar a acontecer”.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários