EUA injectam mais dinheiro na economia para combater desemprego

Fed promete injectar, todos os meses, mais 45 mil milhões de dólares, através da compra de Obrigações do Tesouro.

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Ben Bernanke e os seus pares vêem “riscos significativos” nas perspectivas económicas dos EUA Kevin Lamarque/Reuters

O comité que decide a política monetária deu luz verde para o banco central manter as taxas de juro de referência entre 0% e 0,25% enquanto a taxa de desemprego se mantiver acima de 6,5%.

A esta medida, que a agência Reuters classificou de imediato como uma acção sem precedentes, a autoridade monetária norte-americana acrescentou outra medida extraordinária: a injecção de mais dinheiro na economia.

Conhecidas estas decisões, que aceleraram os ganhos na bolsa nova-iorquina, o presidente da Fed, Ben Bernanke, falou em Washington para explicar o rumo da política monetária. Mas deixou um aviso à navegação: as medidas não compensam os efeitos económicos de um “precipício orçamental” se a Casa Branca e a oposição republicana não chegarem a acordo relação ao agravamento da carga fiscal e aos cortes na despesa.

A incerteza agudizava-se horas antes, com o líder republicano da Câmara dos Representantes, John Boehner, a assinalar as “diferenças sérias” entre os dois partidos.

À parte da indecisão que domina o Congresso, certo é que a Fed vai continuar a sua política acomodatícia. Para pôr em marcha aquela última acção de estímulo – a impressão de dinheiro –, vai alargar o actual programa de compra de dívida, que termina no final do ano.

Todos os meses, serão injectados na economia 45 mil milhões de dólares (cerca de 34,5 mil milhões de euros), através da compra de Obrigações do Tesouro. Isto ao mesmo tempo em que vai continuar a injectar mensalmente 40 mil milhões de dólares (30,6 mil milhões de euros), comprando títulos de dívida relacionados com o crédito à habitação.

Ao comprar estes títulos de dívida aos bancos e outras instituições financeiras, a Fed procura reduzir as taxas a que estas concedem os empréstimos às empresas e aos particulares, estimulando a economia.

Outra das preocupações da Fed tem a ver com a taxa de desemprego nos Estados Unidos. O comité de política monetária receia que o crescimento da economia não seja suficiente para melhorar de forma sustentada as condições do mercado de trabalho. Por isso, decidiu manter as taxas de juro próximas de zero até que o desemprego fique abaixo de 6,5%.

Até aqui, Ben Bernanke e os seus pares foram mais cautelosos, dizendo que o fariam, pelo menos, até meados de 2015. Mas não quantificaram aquele objectivo em relação ao desemprego.

A taxa esteve este ano acima dos 8% e chegou a dar sinais de não conseguir recuar. Em Outubro, a percentagem da população activa fora do mercado de trabalho baixou para 7,9% e, no mês seguinte, para 7,7%. Apesar da descida desde o Verão, a taxa continua a ser alta, numa altura em que, nota o comité, há “riscos significativos” nas perspectivas económicas dos EUA.

Como o combate ao desemprego é um dos mandatos da autoridade monetária norte-americana, Bernanke vê-se obrigado a manter a actual política monetária acomodatícia, somando medidas não convencionais, que a própria Fed assume serem extraordinárias.

Analistas e investidores contavam já com o anúncio de novas medidas de estímulo até ao final deste ano. À sessão positiva nas principais bolsas europeias – que fecharam em alta num dia de acalmia nos mercados – seguiram-se ganhos na praça nova-iorquina. Os índices mantinham-se em alta expectantes em relação às decisões da Fed e aceleraram os ganhos logo que foram publicados os resultados da reunião liderada por Bernanke.

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