Espanhóis da Globalia desistem de comprar a TAP
Elevada dívida da empresa justificou decisão do grupo que detém a Air Europa.
“Desistimos dessa ideia, não se pode comprar uma empresa com tanto endividamento que não possamos reestruturar e gerir. Não podemos investir e ficar de pés e mãos atados. Desistimos por não podermos gerir de acordo com critérios privados”, afirmou Juan José Hildago.
O empresário, fundador e dono da Globalia, estaria a referir-se ao facto de o Estado se manter no capital numa primeira fase, com uma participação de 34%, e de ter sido assinado um acordo com nove sindicatos que prevê, por exemplo, a proibição de o comprador avançar com despedimentos durante 30 meses ou enquanto o Estado se mantiver no capital. Quanto à dívida da TAP, os últimos resultados, relativos a 2014, revelaram que cresceu para 1062 milhões de euros, com os prejuízos a derraparem para 85,1 milhões.
A Globalia, que detém a companhia de aviação Air Europa, era um dos investidores interessados na privatização da TAP, que o Governo relançou em Novembro, depois de a primeira tentativa ter fracassado, no final de 2012, com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich.
Além do grupo espanhol, são apontados como interessados Gérman Efromovich, dono da colombiana Avianca, e as brasileiras Gol e Azul. Também o empresário português Miguel Pais do Amaral está a avaliar o negócio, a par de três private equities.
Nesta quarta-feira, um site colombiano noticiou que a Avianca também está fora da corrida à TAP, mas o interesse na companhia de aviação nacional sempre se materializou não através da empresa, mas do seu maior accionista, Gérman Efromovich. O empresário ainda não decidiu se fará uma oferta pela TAP, embora, neste momento, sejam reduzidas as hipóteses de avançar.
O Executivo deu até 15 de Maio para que os investidores apresentem uma oferta vinculativa de compra pela TAP e pretende escolher o vencedor até ao final do primeiro semestre.
A desistência da Globalia surge numa altura de tensão da transportadora aérea, já que os pilotos vão decidir nesta quarta-feira, em assembleia geral, se avançam com uma greve, acusando a TAP e o Governo de não respeitarem o acordo selado em Dezembro.
O presidente da TAP escreveu uma carta aos trabalhadores, em que alerta para as “consequências graves” que uma paralisação dos pilotos poderá acarretar.