Empresas com salários mínimos têm mais probabilidade de ir à falência
“Há empresas que não podem baixar os salários. Se uma empresa que paga salários acima da média tiver de enfrentar quebras na procura, pode ajustar os ordenados, mas as empresas que pagam salários mínimos não têm ‘almofadas’ que lhes permitam absorver os choques negativos”, disse à Lusa Pedro Portugal, um dos autores do documento, publicado pelo Banco Central Europeu.
O economista salientou ainda que estas empresas são “tipicamente mais vulneráveis” e apresentam um menor investimento em capital humano.
Pedro Portugal e Anabela Carneiro analisaram os dados dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho, que incluem todos os trabalhadores que foram despedidos devido ao encerramento das empresas onde trabalhavam em 1994, 1995 e 1996, e concluíram que os salários têm impacto nas taxas de falência.
Os investigadores salientam que, perante a ameaça de desemprego, os trabalhadores estão disponíveis para negociar os salários e fazer concessões.
Se a probabilidade de encerramento duplicar, por exemplo, os salários baixam em média seis por cento.
Mas a existência de um elevado número de trabalhadores a receber salário mínimo pode impedir que se façam ajustamentos salariais que permitam dar resposta aos impactos externos desfavoráveis, acelerando assim a decisão de encerrar.
Um aumento de dez por cento na incidência de trabalhadores com salário mínimo (cerca de 1,3 pontos percentuais), aumenta a possibilidade de ficar desempregado em 0,6 por cento.
Mas pagar salários acima do que é normal também tem riscos: as empresas que praticam salários mais altos enfrentam taxas de falência superiores às das que pagam menos.
De facto, um aumento exógeno de dez por cento nos salários aumenta a probabilidade de ficar desempregado devido ao encerramento da empresa em 1,6 por cento, explica Pedro Portugal.
Cerca de 13 por cento dos trabalhadores das empresas analisadas neste estudo recebiam salário mínimo.