Três maiores potências da zona euro empurram economia para a estagnação
Dados pressionam Banco Central Europeu a agir.
De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Eurostat, a zona euro apresentou no período entre Abril e Junho deste ano uma variação nula do PIB. No primeiro trimestre tinha crescido 0,2%. Em comparação com mesmo período do ano anterior, o crescimento do PIB foi de 0,7%, o que representa um abrandamento face aos 0,9% que se registaram no primeiro trimestre deste ano.
Este desempenho negativo da economia da moeda única está directamente ligado aos resultados bastante fracos apresentados pelas suas maiores potências. O produto interno bruto (PIB) alemão recuou 0,2% no segundo trimestre, o francês voltou a sinalizar maus tempos com uma evolução nula no período e a Itália confirmou a entrada em situação de recessão técnica.
A maior economia da zona euro, também conhecida como o motor do espaço da moeda única, teve um desempenho pior do que o que era esperado pelo seu banco central, o Bundesbank, que apontava para um quadro de estagnação. Um comportamento negativo das exportações e do investimento explicam este resultado. Em termos homólogos, a taxa de crescimento caiu de 2,2% para 1,3%.
Já quanto à economia francesa voltou igualmente a desiludir, com crescimento zero, obrigando o Governo a reconhecer que não irá conseguir respeitar, este ano, a meta do défice. Face ao mesmo período do ano passado, o crescimento passou de 0,8% para 0,1%. A previsão de crescimento para 2015 foi também revista em baixa, de 1% para metade.
Em Itália, confirmou-se uma variação negativa de 0,2% no PIB, depois de no primeiro trimestre já se ter verificado uma queda de 0,1%. A economia está assim em recessão técnica. Em termos homólogos, a Itália manteve um resultado negativo, com uma variação de -0,3%, o segundo pior resultado em toda a zona euro, apenas à frente de Chipre.
Este desempenho da economia da zona euro e, em particular, dos países que maior peso têm na moeda única, constitui uma fonte adicional de problemas para o Banco Central Europeu. Com as taxas de juro já coladas a zero e depois de, em Junho, ter anunciado mais medidas de estímulo à concessão de crédito, a instituição liderada por Mario Draghi vê-se cada vez mais pressionada a ir ainda mais longe.
O BCE já garantiu que, num cenário de estagnação da economia e, principalmente, de manutenção de uma taxa de inflação muito baixa durante muito tempo, poderá dar início à compra de activos nos mercados, repetindo o tipo de medidas de estímulo seguidas nos últimos anos pelos bancos centrais dos Estados Unidos e da Inglaterra.