Directora-geral do Tesouro demitiu-se por não ter entrado no Governo
Elsa Roncon Santos queria ter ficado com lugar deixado vago por Maria Luís Albuquerque na Secretaria de Estado do Tesouro.
O PÚBLICO apurou que a decisão da directora-geral da DGTF está relacionado com o facto de Maria Luís Albuquerque ter escolhido para seu substituto o ex-presidente da Parpública, Joaquim Pais Jorge. O pedido de demissão foi comunicado a 1 de Julho a Vítor Gaspar, que se demitiu precisamente nesse dia.
Nesta terça-feira à tarde, numa audição na comissão parlamentar de inquérito aos contratos swap subscritos por empresas públicas, Elsa Roncon Santos confirmou o pedido de demissão, que tinha sido noticiado nesta terça-feira pelo Correio da Manhã e alegou “questões pessoais” para justificar a decisão, negando quaisquer divergências com a actual ministra das Finanças.
No entanto, houve de facto uma incompatibilização entre ambas, aquando da nomeação da ex-secretária de Estado do Tesouro para ocupar o lugar de Vítor Gaspar. Pela relação próxima que têm há vários anos, Elsa Roncon Santos estaria na expectativa de entrar para o Governo pela mão de Maria Luís Albuquerque, o que não aconteceu.
Tinha sido aliás a nova ministra das Finanças que a tinha nomeado para directora-geral da DGTF em Agosto de 2011, depois de terem trabalhado juntas na Refer. Elsa Roncon Santos, de 62 anos, foi superior hierárquica de Maria Luís Albuquerque na empresa que gere a rede ferroviária nacional.
A directora-geral da DGTF foi vogal das administração da Refer entre 2001 e 2002 e Maria Luís Albuquerque entrou na empresa em 2001, como directora financeira, tendo permanecido no cargo até 2007 para depois ingressar na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), antes de se tornar secretária de Estado do Tesouro.
As funções que desempenhou na Refer colocaram-na sob fogo político pelo facto de a empresa ter subscrito swaps considerados complexos e cuja liquidação foi recomendada pela Storm Harbour, a consultora financeira contratada pelo Governo para avaliar estes contratos, que acumularam perdas potenciais superiores a 3000 milhões de euros.
Ao que o PÚBLICO apurou, não foi o facto de Elsa Roncon Santos ter passado pela Refer e pela CP, que celebrou swaps especulativos, que esteve na origem do pedido de demissão. A directora-geral da DGTF manter-se-á em funções até que seja encontrado um substituto. A nomeação só poderá ser feita após um concurso público da responsabilidade da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP).