Chipre representa novo modelo de resgate dos bancos, diz o presidente do Eurogrupo

No plano cipriota, os riscos deixam de estar do lado dos contribuintes, considera Jeroen Dijsselbloem.

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Dijsselbloem (ao centro) diz que os bancos devem procurar recapitalizar-se por meios próprios JOHN THYS/AFP

Numa entrevista à agência Reuters e ao jornal britânico Financial Times, o líder do fórum de ministros das Finanças da moeda única assume que o momento de acalmia observado nos mercados financeiros permitiu que a zona euro introduzisse, no caso de Chipre, novos termos de resgate do sector bancário.

No processo de reestruturação dos dois principais bancos do país, os depositantes com aforros acima de 100 mil euros, os accionistas e os detentores de títulos são chamados a contribuir, através de perdas de activos.

“Se queremos ter um sector financeiro são, a única solução consiste em dizer: ‘Atenção, se assumem riscos, têm de lidar com eles e, se não os podem gerir, então não os deveriam ter tomado”, afirmou o também ministro holandês das Finanças.


Para Dijsselbloem, esta é uma “abordagem” que deve servir de exemplo, evitando uma recapitalização directa dos bancos em dificuldades e que foi decidida pelo Eurogrupo agora que a moeda única, diz, já não está num momento de pressão.

Antes de “procurarem dinheiro público ou qualquer outro instrumento” que implique mobilização de fundos públicos, as instituições que precisam de se recapitalizar devem ser capazes de o fazer por meios próprios, defendeu.

O resgate de 10 mil milhões de euros a Chipre implica a reestruturação do banco Laiki e do Banco de Chipre. No processo são envolvidos os depositantes acima de 100.000 euros, accionistas e obrigacionistas. As perdas que estes terão de assumir representam 4200 milhões de euros.

O Laiki será desmantelado e para o Banco de Chipre serão transferidos os activos “são” e os depósitos inferiores a 100 mil euros. O objectivo é reestruturar esta instituição, com o objectivo de ser formado um núcleo duro de capitais próprios de 9% face aos activos totais.

As bolsas estavam, de manhã, em sentido positivo, mas o dia de negociações terminou com a maioria das praças de referência na Europa em queda. No caso de Lisboa e Paris, as desvalorizações superaram 1%, enquanto Madrid e Milão deslizaram já mais de 2%, pressionadas pela situação cipriota.

As ondas de choque fizeram sentir-se nos mercados secundários de dívida, onde as taxas de juro de títulos portugueses, italianos e espanhóis seguem em alta. E o euro caiu para o valor mais baixo desde o final de Novembro.

 

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