Taxa sobre depósitos "não é transponível" para outros países, diz governador do Banco de Portugal
Carlos Costa diz que os portugueses "podem estar tranquilos".
Os ministros das Finanças da União Europeia aprovaram no sábado um resgate financeiro a Chipre, que prevê a cobrança de taxas sobre os depósitos bancários, anúncio que provocou uma corrida às caixas de levantamento automático.
Carlos Costa assegurou que a tributação prevista para Chipre “não põe em causa nem o mecanismo de garantia de depósitos, nem é transponível para outros países”, numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, à margem da 3.ª Conferência da central de balanços do BdP, que teve lugar em Santarém.
“Os nossos depositantes podem estar tranquilos, seguros, confiantes, de que têm um sistema financeiro [em Portugal] dos mais estáveis e dos mais capitalizados neste momento na Europa”, sublinhou o governador do BdP. “É um problema específico de um país que não é transponível para nenhum outro”, vincou.
Os políticos cipriotas estarão ainda a negociar alterações às taxas a aplicar sobre os depósitos acordadas com o Eurogrupo e dadas a conhecer na madrugada de sábado, uma das condições para os parceiros internacionais aceitarem emprestar 10 mil milhões de euros ao país. Em causa poderá estar uma alteração na taxa a impor sobre os depósitos até 100 mil euros que passaria a ser de 3% ou 3,5% em vez dos 6,75% acordados inicialmente, enquanto a taxa para os depósitos superiores a 100 mil euros passaria de 9,9% para 12,5%. Em discussão poderá também estar uma isenção completa deste imposto para depósitos inferiores a 20 mil ou 25 mil euros, segundo vários relatos de deputados envolvidos nas discussões, não existindo, para já, comentários oficiais sobre a existência destas discussões.
A votação desta proposta estava prevista inicialmente para domingo, mas tem sido sucessivamente adiada e está agora marcada para terça-feira. O acordo inicial prevê ainda que os depositantes fiquem com acções dos respectivos bancos em troca do corte nos seus depósitos. A taxa deve render 5800 milhões de euros, segundo os cálculos iniciais.
O Presidente cipriota disse que os impostos sobre os depósitos bancários em Chipre foram a opção “menos dolorosa” do acordo de resgate ao país por parte da União Europeia.