Brasileiros são dos que mais procuram enoturismo em Portugal
Metade dos turistas que visitam produtores de vinho são estrangeiros, com destaque para o Brasil
O vinho já foi identificado como um dos maiores potenciais turísticos de Portugal e uma arma a considerar para fugir à fórmula sazonal do “sol e mar”. E a julgar por um inquérito feito pelo Turismo de Portugal a mais de 300 unidades de enoturismo (ou seja as que produzem vinho, fazem visitas, provas ou venda nas suas instalações), há boas expectativas de crescimento do negócio este ano.
De acordo com o estudo, 75% dos inquiridos acredita que vai atrair mais turistas este ano, com o mês de Setembro a registar maior procura, por ser época de vindimas. Ainda assim, Agosto e Julho são também alturas fortes (para 17% dos empresários), seguidos de Maio, Junho e Outubro. “A análise dos dados permite realçar o contributo das actividades de enoturismo como mitigadoras da sazonalidade: para além de atraírem turistas para territórios menos massificados turisticamente, atraem-nos também fora da época alta”, analisa o Turismo de Portugal.
Metade dos visitantes são estrangeiros, com destaque para o Brasil, mencionado por 45% dos inquiridos. Segue-se o Reino Unido, Alemanha e França. Todos são mercados tradicionais para o turismo português. Quase 27% dos turistas internacionais que visitaram o país em Setembro são britânicos. Cerca de 14,7% são alemães, 9,2% são franceses. O Brasil tem vindo a perder força como mercado emissor e, nos primeiros nove meses do ano, as dormidas destes visitantes cresceram apenas 0,6%, com quebras de 16,6% no mês de Setembro. Representa cerca de 5,5% do total das dormidas (dados de Janeiro a Março de 2015).
A maioria dos clientes (42%) vão por sua conta às unidades, mas 23% são encaminhados por agências de viagens e 20% por empresas com interesse no sector. Cerca de 60% têm entre os 35 e os 54 anos e procuram, sobretudo, provas de vinhos (28%), visitas guiadas às instalações (24%) ou à vinha (16%).
Cada visitante fica, em média, até duas horas e apenas 23% permanece nas instalações meio-dia. De salientar que a maioria das unidades representadas no inquérito não dispõem de alojamento. “A inovação da experiência numa unidade de enoturismo e a diversificação de actividades disponibilizadas pode ser crucial para permanências mais longas e para o acréscimo do gasto médio por parte dos visitantes”, continua o Turismo de Portugal.
Questionadas sobre o volume de negócios, 63% das unidades indicaram um aumento em 2014. Apenas 10% referiram que as vendas caíram. O contributo desta actividade turística para a empresa é considerado “relevante” para a divulgação e reconhecimento. Já como fonte de receitas, o enoturismo ainda é pouco importante para 27% dos inquiridos, mas “importante” para 49%. “Parece existir margem para o aumento do contributo da receita de uma unidade de enoturismo para o conjunto do negócio da empresa vitivinícola”, defende o organismo que tutela a promoção turística.
Outro inquérito conduzido, desta vez, pelo IPDT, Instituto de Turismo, mostrou que em 2014 37% dos operadores estrangeiros indicaram que o vinho era o melhor argumento para a promoção de Portugal fora de portas. Em 2012, este produto só era relacionado a Portugal por apenas 7% dos inquiridos e, um ano antes, por 10%. Destronados, na versão mais recente deste estudo, o sol e o mar captaram o interesse de 17% dos especialistas (37% em 2012 e 45% em 2011).
Os produtores de vinho nacionais têm vindo a reforçar a oferta para turistas. A região do Douro e o Alentejo concentram o maior número de espaços de enoturismo mas a oferta também se estende ao Algarve, por exemplo.