Bolsa de Lisboa caiu 4,05 %, liderando quedas da Europa

Juros das obrigações portuguesas subiram, acompanhando a tendência das congéneres europeias, arrastadas pelo receio de subida de taxas nos Estados Unidos.

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Sentimento negativo dos investidores volta a atirar bolsas para fortes quedas. Foto: Rafael Marchante/Reuters

A Bolsa de Lisboa fechou a perder 4,05%, num dia de sentimento negativo no resto da Europa, por receio de subida de taxas de juros nos Estados Unidos, situação que também teve reflexos na subida dos juros das obrigações soberanas no Velho Continente.

A queda da Bolsa de Lisboa, com destaque para a queda dos títulos da banca, também foi influenciada pelo acordo à esquerda aprovado pelas principais estruturas partidárias do PS e do PCP e pela possibilidade de a maioria de esquerda chumbar o programa do Governo esta terça-feira.

A praça portuguesa abriu ligeiramente negativa, mas foi agravando as quedas à medida que os índices europeus também acentuavam as perdas. O maior nervosismo dos investidores está associado à melhoria dos indicadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos, como foi o aumento das novas contratações, que podem dar argumentos à Reserva Federal norte-americana (FED) a dar um tiro de partida para a subida das taxas de juros.

Como acontece num cenário de alguma incerteza, o sector financeiro cotado no principal índice da bolsa de Lisboa foi o mais castigado, com o Banif a perder 10,71%, o BCP, que também está a ser penalizado por alterações que vão afectar o banco que detém na Polónia, recuou 9,49%. O BPI também deslizou 8,91%.

Numa bolsa que é penalizada pelo facto de ter poucas empresas cotadas no seu principal índice, o que agrava as variações diárias, várias cotadas encerraram com perdas elevadas, como a Pharol (7,61%) e a Teixeira Duarte (6,32%).

As bolsas europeias encerraram com perdas entre os 0,98% de Londres e 2,22% de Madrid. O Dax alemão encerrou com uma queda expressiva de 1,5% e as bolsas norte-americanas também abriram negativas.

O dia também foi de subida nos juros das dívidas soberanas europeias, igualmente pelo receio de inversão da política monetária por parte da FED. Por razões internas, os juros das obrigações portuguesa subiram um pouco mais.

Os  juros da dívida portuguesa a dez anos avançaram 20 pontos base, para 2,88%, o que corresponde uma subida para máximos de Julho. A título de comparação, as obrigações espanholas também a 10 anos estavam a estiveram a subir nove pontos base, para 2%, máximo de seis semanas.

A subida das "yields" das obrigações soberanas foi comum a todos os prazos, com os juros a cinco anos a subir para 1,434%, contra 1,366% no fecho de sexta-feira. No prazo de dois anos, os juros estavam a subir para 0,272%, contra 0,258% na sexta-feira.

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