Ministros do euro iniciam reunião decisiva para o Chipre

País tenta acordo para salvar o seu sistema financeiro. Bancos reduzem ainda mais limite de levantamentos em caixas automáticos.

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Um protesto universal Nuno Ferreira Santos

A reunião estava marcada para as 17h (hora de Lisboa) mas só começou perto das 21h, logo após terem terminado oito horas de reuniões do Presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, com a troika composta pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

O objectivo era encontrar medidas que satisfizessem a troika, de modo a que o país obtenha um empréstimo de 10.000 milhões de euros para salvar o seu sector financeiro. Mas as negociações foram tensas, com Nicos Anastasiades a perguntar, em determinada altura, se a troika queria forçá-lo a demitir-se, segundo a agência de notícias do Chipre.

“Querem que eu me demita?”, disse Anastasiades, citado pela agência. “Apresento uma proposta, vocês não aceitam. Apresentou outra, e é o mesmo. O que querem que eu faça?”

O Chipre tem um prazo até segunda-feira para obter um acordo com Bruxelas, dia em que o BCE disse que deixaria de fornecer a liquidez que tem mantido o sistema financeiro cipriota de pé.

Antes de entrar para a reunião do Eurogrupo, o ministro irlandês das Finanças, Michael Noonan, disse que seria uma noite longa. “Acho que um acordo pode ser conseguido esta noite, mas creio que o será para o tarde, porque há muitos detalhes a discutir”, afirmou, citado pela BBC.

Vários órgãos de comunicação social cipriotas davam, este sábado, como certo que o Governo teria chegado a um acordo com a troika, que implicava a aplicação de uma taxa de 20% sobre os depósitos acima de 100 mil euros no maior banco do país e de 4% nos depósitos também acima daquele valor nos outros bancos. Mas as negociações em Bruxelas, já este domingo, revelaram que o acordo não estava selado.

Desde o princípio da tarde que o Presidente Anastasiades esteve em discussões com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, da Comissão, José Manuel Barroso, do Banco Central Europeu, Mario Draghi, do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.

O Chipre está a tentar uma alternativa, depois de o Parlamento do país ter rejeitado um primeiro conjunto de medidas que incluía a aplicação de uma taxa também aos depósitos abaixo dos 100 mil euros - valor protegido no sistema bancário da zona euro. Após o encerramento dos balcões, a 16 de Março, devido ao receio de uma fuga em massa dos depósitos, agora há longas filas nas caixas multibanco, que têm sido porém reabastecidas.

Este sábado, o Banco do Chipre, o maior do país, impôs um novo limite, de 120 euros por dia, aos levantamentos nas caixas automáticas – a única forma de os cidadãos terem acesso às suas contas neste momento. Já o Banco Popular fixou os levantamentos máximos em 100 euros por dia, baixando o limite de 260 euros que tinha determinado nos últimos dias.

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