Banco de Portugal não vai revelar resultados da auditoria ao BES
A imprensa noticiou que os auditores descobriram que Ricardo Salgado tirou centenas de milhões de euros do banco.
No comunicado emitido na tarde desta quarta-feira, o Banco de Portugal justifica a não divulgação da auditoria com a possibilidade de serem encontrados indícios de crimes e a necessidade de a informação ser transmitida ao Ministério Público.
“Constando daqueles relatórios finais indícios de factos relevantes do ponto de vista criminal, os reguladores não deixarão de, como é seu dever, fazer a respectiva comunicação ao Ministério Público para que, também a esse nível, possam ser apuradas todas as responsabilidades. Por esta razão, os relatórios finais da auditoria não serão alvo de divulgação pública.”
A nota do regulador esclarece ainda que “o trabalho dos auditores encontra-se numa fase já muito avançada mas não está ainda concluído”.
Neste fim de semana, a imprensa noticiou que os auditores encontraram registos de transferências de centenas de milhões de euros feitas por Ricardo Salgado nas semanas antes a deixar a liderança do banco. De acordo com aqueles relatos, o destino dos fundos eram quatro empresas com sede nas ilhas britânicas do Canal da Mancha.
Já na segunda-feira, Ricardo Salgado enviou um comunicado à agência Lusa no qual afirmou que os factos noticiados como sendo a conclusão da auditoria permitiram “as mais variadas análises e extrapolações, de uma forma gravemente difamatória". Classificou ainda a divulgação como “uma desleal e inusitada tentativa de se fazer um julgamento público e mediático”.
A nota adiantava também que a Deloitte perguntara a Ricardo Salgado se a antiga comissão executiva do banco estaria disposta a reunir-se com os auditores. Não especificava, porém, se Salgado tinha aceite a solicitação.
A auditoria foi decidida em Julho, tendo o Banco de Portugal contratado para a tarefa a auditora Delloite. Ao processo juntou-se também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O objectivo, diz a nota, “é o de aprofundar a análise de diversas situações identificadas pelos reguladores, até 31 de julho de 2014, no âmbito da supervisão ao Grupo BES, de modo a recolher e, até onde for possível no contexto da auditoria, documentar a existência de indícios de eventuais práticas ilícitas levadas a cabo pelo Grupo BES e/ou pelos membros dos seus órgãos sociais”.