Banco de Inglaterra terá governador canadiano ex-Goldman Sachs
A escolha de Mark Carney supreendeu a City londrina. Paul Tucker, vice-governador do Banco de Inglaterra, era o favorito, mas perdeu para o actual líder do Banco do Canadá.
Carney, ex-quadro do banco de investimento Goldman Sachs, é o actual líder do Banco do Canadá, cargo que deixará para assumir, em 2013, a liderança do Banco de Inglaterra durante cinco anos.
A sua escolha para governador do Banco de Inglaterra, embora ponha fim a meses de especulação sobre o sucessor de Mervyn King, não deixa de causar surpresa na City londrina. Não só porque Carney não tem nacionalidade britânica (vai solicitá-la entretanto) mas também porque o seu nome não estava na lista dos favoritos ao lugar.
Foi apresentado pelo ministro das Finanças como a pessoa com mais experiência e a mais bem qualificada “no mundo” para ser o próximo governador. É “reconhecido como um excelente banqueiro central da sua geração”, defendeu.
Carney, de 47 anos, formou-se em 1988 em Economia, na Universidade de Harvard. Em Oxford fez o mestrado, em 1993, e o doutoramento, dois anos mais tarde.
Durante 13 anos trabalhou no Goldman Sachs – em Londres, Tóquio, Nova Iorque e Toronto – e só depois assumiu funções públicas no Canadá. Já antes de ser nomeado governador do Banco do Canadá – meses antes da queda do Lehman Brothers, nos EUA, em 2008 – passara pela instituição. Em Agosto de 2003, foi vice-governador do banco central, cargo que deixou no ano seguinte quando foi para o Governo como vice-ministro delegado das Finanças até regressar ao Banco do Canadá.
No Reino Unido, aguarda-o um dos cargos mais influentes na economia britânica, com as responsabilidades de controlar a inflação, assegurar a estabilidade do sistema financeiro britânico e garantir a regulação dos bancos.
O governador é nomeado pela rainha de Inglaterra sob recomendação do ministro das Finanças e do primeiro-ministro. O principal favorito na imprensa britânica para suceder a Mervyn King – que deixa o cargo de governador em Junho de 2013 – era o seu número dois, Paul Tucker, que recebeu até apoio do jornal Financial Times, que o considerou o “homem certo” para o lugar.
A City londrina esperava que Paul Tucker, vice-governador com o pelouro da estabilidade financeira, fosse indicado pelo Governo. A escolha de Carney foi, por isso, um “grande choque”, como depressa resumiu o editor de Economia do britânico The Guardian, Larry Elliott.
No Parlamento, o ministro das Finanças deixou uma palavra sobre Tucker, que espera que continue “a fazer o excelente trabalho que faz no Banco de Inglaterra”.
Foram, porém, mais os elogios feitos a Mark Carney, que disse ser o único dos potenciais candidatos a combinar uma “longa experiência” num banco central com credibilidade internacional na área económica, a experiência na regulação financeira e uma “primeira experiência” no sector bancário privado.