Autoeuropa planeia investimento de 670 milhões e criação de 500 empregos
Investimento será o maior no país desde a chegada da troika, excluindo as privatizações.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira, numa cerimónia em que a empresa formalizou uma candidatura (que já estava a ser negociada) a incentivos nacionais, junto da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), entidade pública ligada aos investimentos e ao fomento à internacionalização das empresas portuguesas. O presidente da AICEP, Pedro Reis, afirmou ser intenção da agência conseguir o nível máximo de incentivos permitido pelo Estado, mas escusou-se a revelar montantes, dizendo que esses farão parte do processo de negociação confidencial que se segue e que tem como objectivo final a assinatura do contrato de investimento com o grupo alemão.
O plano – que surge depois de um ano em que a produção sofreu uma queda de 21%, a acompanhar a contracção do sector – passa por adaptar a infra-estrutura da Autoeuropa para a nova plataforma da Volkswagen, o conjunto de tecnologias necessário para a produção dos novos automóveis do grupo alemão. “Todos os produtos do futuro assentarão na nova tecnologia”, notou o director geral da Autoeuropa, António Melo Pires. O responsável afirmou não estar definido qual o novo modelo que a fábrica pretende acolher, mas, repetindo o que já dissera no início de Março, apontou para um anúncio ainda este semestre. Actualmente, são fabricados em Palmela os Volkswagen Scirocco, Sharam e Eos, e o Seat Alhambra. Melo Pires adiantou ainda que as contratações dos novos trabalhadores serão feitas “pouco antes do início da produção”, cuja data não está definida. A empresa tem hoje cerca de 3600 funcionários. Os novos postos significarão um aumento de quase 14%.
Na cerimónia, na sede da AICEP, em Lisboa, o ministro da Economia, António Pires de Lima, classificou a Autoeuropa como um “exemplo de gestão” e afirmou que “não é seguramente por praticar salários reduzidos que a Autoeuropa é um caso de sucesso”. O governante aproveitou ainda o momento para frisar o envolvimento do Governo no processo e dizer que “cenários alternativos” não trariam “nada de bom à capacidade de atrair investimento”.
Já em Outubro, Pires de Lima, bem como o secretário de Estado da Inovação, Pedro Gonçalves, e os responsáveis da Autoeuropa e da AICEP tinham estado na sede do grupo Volkswagen, em Wolfsburgo, na Alemanha, para a formalização de um investimento de 38,2 milhões de euros na fábrica em Portugal, para projectos em algumas das áreas de produção (como a pintura) e em tecnologias de informação.
Na formalização da candidatura, o presidente da AICEP notou que este projecto deverá permitir duplicar a capacidade exportadora da fábrica de Palmela. A Autoeuropa é a terceira empresa que mais exporta em Portugal, atrás da Petrogal e da Galp (que detém a primeira), segundo informação do INE. É responsável por aproximadamente 3% das exportações – mas é também a terceira mais importadora. Praticamente todos os automóveis produzidos se destinam a mercados externos, sobretudo a Alemanha e a China, o país para onde as vendas da fábrica mais cresceram ao longo de 2012, o ano mais recente para que a Autoeuropa disponibiliza dados. Naquele ano, foram produzidos 112.550 automóveis.
O plano de investimento terá também impacto na rede de 671 fornecedores da Autoeuropa (número inclui empresas estrangeiras), que têm sofrido com os cortes de produção. Em 2012, as encomendas a fornecedores portugueses totalizaram 835 milhões de euros, representando 62% das compras da fábrica, quando excluídas as compras feitas ao próprio grupo. Aos fornecedores ligados directamente ao processo de produção foi adjudicado um volume de negócio de 453 milhões.
A fábrica está em Portugal desde 1995 (no primeiro ano, produziu também carros da marca Ford), naquele que foi um investimento inicial de 1970 milhões de euros. Desde então, já investiu cerca de 3500 milhões em Portugal.