António Barreto considera "difícil" futuro entendimento entre política e economia
“Já não é possível fazer negócios como há dez anos, auto-estradas como há dez anos, já não é possível fazer swaps como há dez ou há cinco anos, já não é possível fazer PPP [Parcerias Público-Privadas] como há 10 anos ou há 15, ou há 8 anos ou há seis anos”, disse.
“Estes fenómenos, - que parecem fenómenos de banditismo, corrupção, promiscuidade, chamem-lhe o que quiserem, retirem agora a parte moral disto - estas coisas colaram as partes, colaram o negócio, a banca, as empresas as multinacionais, as autarquias, o governo central, os partidos principais, isto conseguiu sobreviver, simplesmente agora já não é possível, já não há dinheiro”, afirmou.
António Barreto falava hoje à tarde, durante a Universidade de Verão do PSD, que está a decorrer desde segunda-feira, em Castelo de Vide (Portalegre).
O sociólogo, que fez um balanço “positivo” sobre o desenvolvimento de Portugal nas últimas década, sublinhou ainda que “o alegre viver” que durou “20 anos” entre o negócio e a política “está em causa”.
No decorrer da sua intervenção, António Barreto considerou ainda que o sistema judicial português é “pouco eficaz, pouco justo, pouco pronto”, sublinhando que o mesmo está “refém dos principais atores, principais intervenientes na justiça”.Para o sociólogo, que recordou os progressos alcançados por Portugal ao longo dos últimos anos em diversas áreas, a Justiça é um dos maiores problemas do país e deu exemplos para ilustrar as suas afirmações.
“Ainda agora uma parte da responsabilidade do que se passa com estes sistemas eleitorais, as candidaturas e elegibilidades, está evidente uma parte de responsabilidade política, pura e simples, mas também da responsabilidade judicial”, declarou.na Universidade de Verão do PSD, António Barreto deu uma aula sobre “Um retracto de Portugal”.
A iniciativa, que conta este ano com 100 alunos, decorre até domingo, sendo encerrada pelo líder social-democrata e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.