Administração da ES Saúde favorável à OPA do grupo mexicano Ángeles
Gestão liderada por Isabel Vaz considera a oferta “aceitável” e vê vantagens para a estabilidade accionista.
Chamada a pronunciar-se sobre a oferta, a administração liderada por Isabel Vaz enviou a sua posição num comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde defende que a estabilidade accionista ajudará a ES Saúde a “retomar a sua gestão estratégica de médio e longo prazo, indo além da gestão corrente, através da continuação do desenvolvimento dos seus planos de expansão”, assim como aceder ao mercado “sem restrições”.
O grupo mexicano, que lançou a proposta de OPA em Agosto, propõe pagar 4,3 euros por acção para ficar com o controlo da empresa portuguesa, um preço que a administração da ES Saúde considera “aceitável”, embora ressalve que pode “não reflectir a totalidade de um potencial prémio de controlo”. A OPA avalia a empresa em 410 milhões de euros. A oferta mexicana representa um prémio de 9% em relação ao último preço da cotação antes de a OPA ser anunciada e de 18,9% em relação ao preço médio dos seis meses anteriores.
A gestão considera, ao mesmo tempo, que o grupo Ángeles tem um alinhamento estratégico com o plano de negócios da ES Saúde. “Não só tomou por base o plano estratégico da ES Saúde para definir a sua linha estratégica, como também manifesta que não são esperadas alterações substanciais a respeito da actividade empresarial”, vinca.
Há uma quarta razão que leva a administração a não se opor à proposta e que tem a ver com factores de concorrência. “Uma eventual conclusão com sucesso da oferta não implicará um movimento de concentração de empresas”. Por isso, sustenta, a tomada de posição do grupo mexicano não vem alterar o “o actual cenário de liberdade de escolha dos trabalhadores e clientes/pacientes”; e a “manutenção do equilíbrio actual do mercado ao nível das seguradoras / sistemas de saúde / pagadores e dos fornecedores e Estado” ficam asseguradas, reforça ainda a administração.
Uma condição que o grupo Ángeles impõe para a OPA ser bem-sucedida é que o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures (uma parceria público-privada) faça parte do negócio sem condições. Esta é uma unidade que tem um peso significativo no negócio da ES Saúde (em 2013 teve um peso de 22% nas receitas operacionais).
A empresa liderada por Isabel Vaz é controlada em 51% pela Espírito Santo Health Care Investments (ESHCI). O capital desta é, por sua vez, dominado em 55% pela Rioforte, em 27,26% pelo Novo Banco e em 17,74% pela Espírito Santo Financial Group.
O facto de a Rioforte estar sob gestão controlada no Luxemburgo faz com que as autoridades deste país tenham de se pronunciar sobre o negócio.