Adesão à greve na função pública entre os 80 e os 100%, dizem sindicatos
Secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, diz que há “grande adesão” na recolha do lixo, turnos da noite nos hospitais e bombeiros.
À medida que o dia avança, os sindicatos vão dando conta de elevada adesão na saúde, educação, segurança social e justiça, e falam de um clima de “indignação” que poderá levar mais pessoas a protestar. "O ambiente é claramente de indignação face ao comportamento relativamente aos trabalhadores da administração pública", disse Arménio Carlos.
A Frente Comum registou níveis de adesão de 100% nos hospitais de todos o país, onde estão a ser cumpridos apenas os serviço mínimos. De acordo com a Lusa, em Lisboa, foram registados níveis de adesão à greve de 100% na Maternidade Alfredo da Costa, no Instituto de Medicina Legal, Hospital São Francisco Xavier, Hospital de São José e Hospital de Santa Maria (urgências pediatria e Bloco de urgências) e de 90% no Hospital de Seia, Hospital de Tondela, Hospital de Viseu, Hospital dos Covões (Coimbra), Hospital de Aveiro, IPO de Coimbra e Hospitais da Universidade de Coimbra. O Hospital Amadora-Sintra registou uma adesão de 100%, o Hospital D. Estefânia 98%, Hospital dos Capuchos 87%, em Lisboa.
No que diz respeito à recolha do lixo, foi registada uma adesão de 100% nos turnos da noite nas câmaras municipais de Évora, Amadora, Lisboa (garagem dos Olivais), Loures, Almada, Moita, Seixal, Palmela, Alcochete e Vila Franca de Xira. Na Câmara Municipal do Funchal, os níveis de adesão à greve no turno da noite registaram 88%, na Câmara Municipal de Guimarães 60%, em Barcelos 50%, Sintra 95% e Setúbal 97%.
A Frente Comum adianta que a adesão à greve no Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa é de 100%.
A adesão à greve dos enfermeiros durante o turno da noite foi de 78,4%. Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, disse à Lusa que a adesão "está a ser muito boa".
Na origem da convocação da greve estão os cortes salariais na função pública, o aumento do horário semanal das 35 para as 40 horas, a colocação de trabalhadores no regime de requalificação, o congelamento das carreiras e a falta de negociação no sector.
Os cortes salariais (embora menores) mantêm-se para quem recebe mais de 1500 euros de salário ilíquido, as progressões na carreia continuam congeladas, a convergência do sistema de pensões da Caixa Geral de Aposentações com a Segurança social tem-se feito "sem proteger os direitos adquiridos", o Governo não promove a revisão das carreiras. A estas razões soma-se o aumento do horário semanal de 35 para 40 horas, o bloqueio dos contratos colectivos que visam reduzir o tempo de trabalho e o fantasma da requalificação que os sindicatos classificam como “despedimento”.
A última greve da função pública que juntou sindicatos da CGTP e da UGT foi em Novembro de 2013, mas, de então para cá, os sindicatos notam que as razões para protestar ganharam expressão e novas dimensões.