“A Alemanha poderia fazer mais pela conjuntura na zona euro”

Portugal deve apostar na tecnologia de ponta e não pode esperar que, só com a redução dos custos do trabalho e o investimento nos sectores tradicionais, vá ganhar competitividade, diz o economista alemão Christian Dreger.

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THOMAS PETER/Reuters

No I Fórum Portugal-Alemanha, dedicado a debater a Europa e a competitividade, a decorrer nesta sexta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Christian Dreger sublinhou que Portugal tem de investir nas tecnologias de ponta e nas tecnologias verdes. A Alemanha pode ser parceira, por exemplo, na área das energias renováveis.

Para o economista alemão, apostar apenas nos sectores tradicionais não vai ser suficiente para Portugal ganhar competitividade; o país tem de sustentar o seu crescimento económico nos bens transaccionáveis, ao mesmo tempo que implementa reformas estruturais que, acredita, ainda vão demorar alguns anos a produzir resultados.

Portugal conseguiu equilibrar a balança comercial com a diminuição das importações e o crescimento das exportações, mas falta-lhe dar um salto de competitividade, acentuou. “Há que aumentar os incentivos ao investimento numa forma mais a longo prazo. Há já uma redução dos custos do trabalho”, mas “não é [só] pela redução constante dos salários que se vai conseguir alguma coisa”.

As exportações portuguesas têm assentado em “bens com pouca tecnologia, produtos de trabalho intensivo e aí a concorrência em termos de custos [do trabalho] é difícil”. Portugal exporta para mercados com menor potencial de mercado e deveria direccionar as exportações para a tecnologia de ponta, acrescentou.

Na zona euro, ao mesmo tempo em que aplicam programas de ajustamento acordados com os parceiros europeus, os países em dificuldades têm colocado nas exportações o seu motor de crescimento, como é o caso de Portugal. Mas é preciso ter em atenção o efeito colateral que resulta do facto de os países estarem a aplicar a mesma estratégia, avisa Christian Dreger. “Tem de se ter cuidado para encontrar aqui um equilíbrio” no ajustamento económico e financeiro e, como maior economia dos 17 da eurolândia, a “Alemanha poderia fazer mais pela conjuntura na zona euro”, considerou.

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