A confirmarem-se estes resultados, que constam do relatório preliminar do júri, ele significará um regresso da Transdev à exploração do Metro do Porto, já que foi a gigante francesa, presente em mais de 20 países, a primeira a operar o metropolitano portuense. Actualmente, este está a ser gerido pela Barraqueiro, que também concorreu mas acabou preterida. 

No caso dos STCP, o concurso foi ganho pelo consórcio Alsa /National Express, que também havia participado no primeiro concurso, lançado em Agosto de 2014, mas cuja proposta não foi admitida por ter entrado alguns minutos após o prazo. Neste segundo concurso, tinham sido admitidas propostas da Transdev, da Alsa, da Barraqueiro e da Gondomarense.

Os termos da consulta permitiam que os concorrentes entreguem propostas conjuntas ou isoladas à exploração da rede de uma das empresas. Estas quatro empresas apresentaram setes propostas - três endereçadas à subconcessão do Metro do Porto, outras três endereçadas à STCP e uma proposta de gestão conjunta.

Em declarações aos jornalistas, Sérgio Monteiro realçou que estas propostas são mais favoráveis, financeiramente, do que a proposta apresentada há meses pelo consórcio espanhol TMB /Moventis, que venceu o concurso público lançado inicialmente pelo Governo.

"Quem apresentou a melhor proposta foi, para o Metro do Porto, a Transdev, com uma proposta melhor do que aquela que rejeitámos no concurso anterior em 1,35 milhões de euros por ano. No caso da STCP, quem apresentou a melhor proposta foi a empresa Alsa, do Grupo Nacional Express, que apresenta uma proposta cerca de 500 mil euros /ano melhor do que a proposta dos espanhóis que não chegou a avançar", disse o governante.

O critério preço é o único determinante para o vencedor das propostas pelo que, admitiu Sérgio Monteiro "se se confirmar a expectativa que tem (...) é verdade que a Barraqueiro e a Gondomarense não são as vencedoras deste processo". Todas as candidaturas terão, agora, de ser escrutinadas em profundidade pelo júri e só depois serão anunciados os vencedores.

Aos utentes, Sérgio Monteiro assegurou que o serviço que empresas vão prestar é, no caso do metro, "o mesmo que presta até agora: as mesmas carreiras, as mesmas linhas, às mesmas horas". "No caso da STCP, vai haver até um reforço porque, por falta de motoristas, alguns dos serviços da STCP não podem ser prestados" e "essa situação vai terminar".

Quanto aos bilhetes, disse que "não vão ter qualquer aumento extraordinário [nos dez anos de vigência da concessão]. É proibido nas regras do concurso que haja aumento extraordinário. Os bilhetes aumentam à taxa de inflação de todos os anos". "Não há que ter receios de aumentos de preços por conta deste processo", realçou. Quanto aos gastos das empresas, o secretário de Estado disse que, face a 2014, aquelas empresas vão gastar menos 160 milhões de euros durante esses dez anos.

Oposição diz que processo é "altamente suspeito"
Já a anterior secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, e actual candidata do PS à Assembleia da República, entendeu sublinhar que as horas que passaram entre o anúncio das propostas e a escolha das empresas "não é um prazo credível para avaliar e comparar qual é o interesse público" e que o processo é  "altamente suspeito". Ana Paula Vitorino exigiu mesmo que o Governo suspenda todo o processo de ajuste directo e que depois o anule. A deputada desafiou ainda José Aguiar Branco, cabeça-de-lista nas próximas eleições legislativas -- 4 de Outubro -- pelo círculo do Porto, a "discutir" o assunto da STCP e da Metro do Porto e "dizer o que pretende fazer".

José Luís Carneiro, líder da Federação Distrital do Porto do PS também desafiou Aguiar-Branco a "sair do silêncio em que se refugiou" e a "demarcar-se da vergonha nacional que é a entrega de 870 milhões de euros, por ajuste directo, do serviço de transportes na Área Metropolitana no Porto. "Com esta decisão, o Governo coloca em causa a vida de 250 mil pessoas deste distrito. Desafiamos o cabeça de lista do PSD pelo Círculo Eleitoral do Porto para um debate público sobre esta matéria tão relevante para a vida dos cidadãos do nosso distrito. "O dr. Aguiar-Branco tem que explicar por que razão tem tanta pressa em entregar aos privados este serviço público e por que razão já se fala de vencedores sem haver sequer análise prévia das propostas", declarou José Luís Carneiro. Com Lusa

 

Quem são os vencedores

Alsa /National Express
A Alsa é uma empresa espanhola sem presença expressiva em Portugal. Integra o grupo britânico National Express, um dos maiores operadores rodoviários do mundo, com uma frota de mais de 26 mil veículos e uma operação de 845 milhões de viagens diárias, Líder no Reino Unido, garante 65% das suas receitas no exterior.

Transdev
Com sede em França, o grupo facturou o ano passado 6600 milhões de euros, dos quais 108 milhões em Portugal. Integrava a Normetro, o consórcio que venceu o concurso para a criação, operação e manutenção da rede de Metro do Porto, onde esteve durante oito anos. Depois de ter perdido a operação para a Barraqueiro, a actividade da empresa em Portugal ficou-se pelo sector rodoviário, detendo 12 empresas e uma frota de 1500 viaturas.