Ricardo Salgado apoia opção alternativa à Vivo no Brasil
O CEO do BES, um dos principais accionistas da PT, apela a negociações com a Telefónica e acredita que o Governo vai concordar com a venda da Vivo
Ricardo Salgado veio ontem defender que as administrações da PT e da Telefónica devem conversar de modo a ultrapassar os obstáculos resultantes do veto do Governo português à venda da posição detida pela operadora nacional na Vivo. O CEO, que deu luz verde ao negócio, manifestou-se disponível para apoiar a PT a encontrar uma alternativa à Vivo no Brasil.
A Telefónica tem direito a tomar as iniciativas que considerar relevantes "para defender os seus interesses", defendeu Ricardo Salgado, quando instado a comentar a intenção da operadora espanhola de recorrer ao Tribunal Arbitral de Haia para dissolver a Brasicel (holding que controla a Vivo e que é dominada em partes iguais pela PT e pela Telefónica). Mas aconselhou as administrações da PT e da Telefónica a sentarem-se "à mesa e resolver a questão".
O presidente do BES aproveitou ainda a ocasião para lembrar que o diferendo que rebentou à volta da venda da Vivo foi suscitado pela decisão do Estado português de usar a golden share, cabendo-lhe agora "ajudar a resolver o problema". E rematou: "Quem pode, pode. Quem não pode, obedece."
"O Presidente Lula já disse que queria a PT no Brasil e o primeiro-ministro [José Sócrates] também já disse que a PT deve manter-se no Brasil. E nós estamos nessa." O BES "acredita que a PT deve continuar no Brasil depois de vender a posição na Vivo e "nós apoiaremos".
Instado a pronunciar-se sobre a existência de negociações para a PT comprar uma posição na Oi, operadora de capitais exclusivamente brasileiros, notou que tanto "pode ser na Oi ou noutra empresa", apesar de admitir que a Oi "tem grandíssimo potencial". Seja qual for a solução, "espero que venha a acontecer rapidamente", adiantando que acredita que "o Estado vai acabar por concordar [com a venda da Vivo]". Mas desde que a PT continue a operar no mercado brasileiro.
Salgado esclareceu que se houvesse hoje uma assembleia geral para nomear novos órgãos sociais na PT, voltaria "a apoiar a eleição" da gestão liderada por Henrique Granadeiro, chairman, e por Zeinal Bava, CEO.