Director-geral de Energia não descarta hipótese de sair para a Martifer
a O director-geral de Energia, Miguel Barreto, disse ontem ao PÚBLICO não saber ainda para onde vai quando abandonar as actuais funções, deixando em aberto o seu futuro, incluindo a possibilidade de ficar ligado à Martifer. "Não confirmo e não sei para onde vou", declarou aquele responsável.Miguel Barreto assume, apenas, que tem um compromisso com o ministro da Economia, Manuel Pinho, que foi o de "se manter no cargo até ao final da presidência portuguesa da União Europeia".
A hipótese de o ex-quadro da Boston Consulting Group (BCG) - que é, desde 2004, director-geral de Energia - mudar para a Martifer tem sido dada cada vez mais como certa nas últimas semanas, no sector da energia, e foi ontem antecipada pelo Diário Económico.
A concretizar-se esta transição, a mesma colocará problemas de compatibilidade de cargos a Miguel Barreto, já que a Martifer é, por inerência, uma das empresas cuja actividade é regulada pela Direcção-Geral de Energia e Geologia.
A confirmar-se a mudança de Miguel Barreto, também tal não será caso inédito. O ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel Lancastre, que nomeou Miguel Barreto e de quem é próximo, também está hoje ligado à Martifer - uma relação que o mercado apontava pouco depois de ter saído do Governo. O próprio a assumiu já passado o período de incompatibilidade ditado por lei.
Manuel Lancastre, que foi entretanto um dos vice-presidentes do PSD, é também um homem vindo da consultoria, neste caso, da McKinsey.
Miguel Barreto resiste na Direcção-Geral de Energia desde 2004, tendo reforçado, aparentemente, a sua proximidade ao ministro Manuel Pinho com as mudanças ocorridas no Ministério da Economia, entre Abril e Maio.
Estas alterações culminaram com o afastamento entre o ministro e o, até então, elemento mais próximo da sua equipa, António Castro Guerra, secretário de Estado adjunto. A reorganização operacional do ministério, então em vésperas da presidência portuguesa, concentrou o poder da tutela da energia em Manuel Pinho, com a passagem de Miguel Barreto a segunda figura operacional do sector.
A Martifer deve uma boa parte da sua estratégia de forte crescimento nos últimos anos à capacidade de movimentação junto dos centros de poder. Desde os contratos feitos para os estádios de futebol, para o Campeonato da Europa, onde arrancou com as construções metalomecânicas, que a empresa regista um crescimento sem concorrência e de grande diversificação de áreas de negócio, embora continuem concentrados no sector da energia.
Alavancada, em termos financeiros, pelo seu sector de origem, a Martifer tem hoje interesses nos biocombustíveis e na energia eólica, tendo feito parceria com um dos maiores construtores do mundo, os indianos da Suzlon. Ontem, anunciou a compra de dois parques eólicos na Alemanha.
O ministro da Economia, Manuel Pinho, tem mais uma mudança na sua equipa para gerir nos próximos tempos