O The Edge Group, holding de investimentos de Miguel Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto, comprou a maioria do capital dos supermercados biológicos Brio aos sócios fundadores, passando agora a deter 80% da cadeia de retalho alimentar. Os restantes 20% pertencem a António Alvelos, director-geral da Brio.

A operação foi concretizada em Maio e apenas cinco meses depois de o The Edge Group ter comprado 50% do capital dos supermercados aos dois sócios fundadores, Carlos Vicente e Miguel Carvalho Marques. A primeira loja abriu portas em 2008 em Campo de Ourique, Lisboa. Os valores concretos da operação não foram divulgados, mas a empresa foi avaliada em cerca de um milhão de euros, quando tinha apenas duas lojas em funcionamento.

"Acreditamos na empresa e na sua equipa, mas também foi necessário reforçar o capital para fazer face ao ambicioso plano de investimentos que delineámos para a Brio. Esta participação adicional veio também garantir o controlo e estabilidade accionista, essenciais para a boa implementação da estratégia delineada e adequada protecção dos capitais envolvidos", disse ao PÚBLICO António Alvelos. Actualmente há cinco supermercados concentrados na zona da Grande Lisboa (Chiado e Estoril abriram este mês) e a expectativa é ter 50 nos próximos dez anos, num investimento total de 20 milhões de euros.

A conjuntura económica tem vindo a abrandar o avanço de alguns projectos como a venda de produtos online e a aposta em marcas próprias. O The Edge Group tem planos para a internacionalização do conceito, mas prefere primeiro consolidar o mercado português. "Não está fora de questão, principalmente em Espanha, que tem pouca oferta", afirma o director-geral dos supermercados, acrescentando que este seria o primeiro mercado a investir fora de portas.

Nos supermercados, 95% dos fornecedores de frutas e legumes são portugueses, mas a indústria nacional ainda não olhou para este nicho. Miguel Monteiro, responsável pelas cinco lojas, refere que na chamada mercearia seca (arroz, massa, por exemplo), 80% dos fornecedores são estrangeiros. "Falta desenvolver a especialização no biológico. No arroz, por exemplo, faz falta", resume. Outro sector sem oferta é do da carne e aves.

Os preços dos produtos biológicos são 10 a 15% superiores aos convencionais, mas Pedro Bago d"Uva, responsável de comunicação da empresa, sublinha que estão menos sujeitos às oscilações dos mercados internacionais, onde o custo das matérias-primas tem vindo a disparar. "São mais estáveis e no caso das frutas e legumes são até mais baratos, sobretudo quando há excesso de produção ou nos produtos de época", garante.

No próximo ano, a expectativa de António Alvelos é abrir entre cinco a seis lojas. Em 2010, os supermercados Brio (que empregam 40 trabalhadores) facturaram um milhão de euros. No final do ano a expectativa é chegar aos três milhões.

Aliado à distribuição alimentar, a empresa está a investir na restauração com o Origem, "a primeira cadeia em Portugal de cozinha exclusivamente biológica". No final do ano haverá cinco cafetarias e um restaurante. Em 2012 a intenção é duplicar o número de lojas.

A holding de Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto prepara-se também para abrir o primeiro ginásio low cost, o Fitness Hut, a 15 de Outubro nas Amoreiras. Até final de 2012 pretende ter dez ginásios em operação.