Três episódios recentes sobre a influência de Ricardo Salgado

Bastidores

O episódio corre de boca em boca. Depois do ex-primeiro ministro Santana Lopes ter convidado António Borges para presidir à CGD, e já depois de este se ter demitido da Goldman Sachs, foi subitamente informado por Durão Barroso, que já estava em Bruxelas, que a sua ida para a CGD estava comprometida. Na altura foi noticiado que o "desconvite" tinha resultado de movimentações de Ricardo Salgado e de Jardim Gonçalves. Em declarações ao PÚBLICO Salgado considerou que a informação era "falsa": "Sou seu amigo pessoal e tenho pelo dr. António Borges grande admiração." No quadro das audições parlamentares sobre o caso TVI-PT, o director do Expresso, Henrique Monteiro, confessou que a maior pressão que foi exercida sobre o semanário que lidera partiu do BES e foi de natureza financeira. A acção foi motivada por notícias sobre a privatização da Galp, que sugeriam que o banco estava a servir interesses norte-americanos, relacionados com a associação à Carlyle. O BES considerou-se difamado e retirou a publicidade ao conjunto de meios do grupo Impresa (em que está incluído o Expresso).

Outro episódio que veio a público ocorreu com Filipe Pinhal, que se desentendeu com Salgado no Verão passado. O ex-gestor do BCP, alvo de averiguações pelo Ministério Público, sugeriu em livro que Ricardo Salgado esteve por detrás do assalto ao poder no maior banco privado português, o que levou ao afastamento da anterior gestão liderada por Jardim Gonçalves. Salgado reagiu por escrito à acusação, classificando-a de infame: "Nunca na sua história centenária o BES foi alvo de tão rematada calúnia e de tão baixa vilania."

Filipe Pinhal contra- argumenta que "a carapuça, serve a quem a enfia".

Em causa, segundo Pinhal, terá estado o facto de o presidente da EDP (do conselho superior do BCP), António Mexia, ter alinhado com Paulo Teixeira Pinto na "guerra" à anterior gestão. Nas listas para os órgãos sociais, elaboradas por Mexia, surgiam os nomes de Nuno Vasconcelos, Rafael Mora, donos da Ongoing, e de Bernardo Moniz da Maia, mas não iriam a votos. Todos accionistas do BES.

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