Adeptos fazem Toni sair do Benfica
Toni anunciou ontem a sua saída do Benfica. Os maus resultados dos últimos jogos e a falta de empatia com os adeptos benfiquistas foram os factores apontados por Toni para justificar o abandono do cargo de treinador da equipa "encarnada". José Mourinho é o nome que mais se ouve na Luz como provável futuro técnico principal. Ontem, contudo, foi Jesualdo Ferreira quem orientou o treino."De há muito que, entre os adeptos, sócios e simpatizantes do Benfica, passei a ser visto como parte do problema e não como parte da solução. Para que o Benfica esteja sempre acima dos interesses individuais e para que a equipa e o clube possam navegar num mar de tranquilidade e prosseguir os objectivos do início da época, ponho para trás os interesses pessoais." Foi esta a declaração que explicou os motivos que levaram Toni a sair do "seu" Benfica, um ano e 20 dias depois de ter substituído José Mourinho, o técnico que agora é apontado como o mais provável novo treinador benfiquista. Uma frase que colocou também um ponto final a especulações que davam conta de pressões da direcção "encarnada" para Toni renunciar.Toni apontou a sempre difícil relação que manteve com os adeptos benfiquistas como um dos factores que o levaram a abandonar o cargo: "É uma relação esquisita aquela que se estabeleceu entre os adeptos e mim. Nunca houve uma empatia entre os dois. Esta relação amor/ódio foi uma constante." Adeptos benfiquistas que, ontem, chegaram a cortar o trânsito na Segunda Circular de Lisboa nos dois sentidos por alguns minutos, protestando contra as arbitragens. Um tema que Toni não apresentou como justificação para a sua saída da Luz, apesar dos erros que, na opinião dos dirigentes benfiquistas, "impediram o Benfica de liderar o campeonato". "A minha demissão não tem nada a ver com as arbitragens", acrescentando pouco depois: "Toda a gente sabia que desde o dia 7 de Dezembro a corda começou a esticar. Só os resultados é que a fizeram partir."O ex-treinador benfiquista falou ainda da pressão que existe no Benfica para a conquista do título, lançando um conselho aos dirigentes "encarnados": "A ruptura dá-se porque há objectivos a alcançar e não se tem tempo nem paciência. Agora, que já não tenho tempo para pedir tempo, tenho tempo para pedir tempo para quem chega. Tempo e paciência."Antes de se dirigir aos jornalistas, Toni, acompanhado pelo presidente do Benfica, Manuel Vilarinho, e pelo gestor do futebol profissional, Luís Filipe Vieira, dirigiu-se aos jogadores: "Disse-lhes que quero vir aqui partilhar com eles o título de campeões" e dirigiu ainda uma palavra a Luís Filipe Vieira: "Eu trazia um sonho e penso que é esse o sonho de Luís Filipe Vieira. Comigo ele não se tornou realidade, mas espero que com ele o Benfica encontre o caminho para o êxito."Sobre Mourinho, Toni foi parco em palavras: "Nada me move contra José Mourinho. Se for o Mourinho só desejo que ele tenha os êxitos que os sócios do Benfica mais desejam."No final, Toni deixou um apelo: "Resultados menos bons e saídas contínuas de treinadores não são a solução. O que tem sido mais estável neste clube é a instabilidade. Espero que a minha saída contribua para a estabilidade e seja um factor de união."Luís Filipe Vieira, que chegou a dizer que sairia do clube no dia em que esta equipa técnica saísse, não fez declarações. Apenas Manuel Vilarinho fez uma declaração sobre a despedida de Toni, afirmando que se tratava de um dia "particularmente triste". "Só pelas contingências do futebol ele [Toni] não continua a ser treinador do Benfica. Penitencio-me por as coisas não terem dado certo." Mas mais do que falar sobre Toni, Vilarinho abriu a porta para o regresso de Mourinho: "Durante a campanha eleitoral, disse que o meu treinador era o Toni. Convém relembrar que, no momento em que disse isso, o treinador do Benfica era Heynckes."