O Benfica que tem servido para consumo interno não chega para a Champions

“Encarnados” sofrem segunda derrota na Liga dos Campeões, perdendo com o Bayer Leverkusen por 3-1.

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Salvio marcou o único golo do Benfica PATRIK STOLLARZ/AFP

O saldo é francamente negativo com duas jornadas disputadas no Grupo C. Dois jogos, duas derrotas, um golo marcado, cinco sofridos, zero pontos e o último lugar do agrupamento. Mas, mais grave, uma forte sensação de que o Benfica, que entrou nesta Champions como equipa de Pote 1 graças às suas boas campanhas na Liga Europa, está uma ou duas mudanças atrás dos seus adversários. Já tinha dado essa sensação frente ao Zenit, voltou ser assim em Leverkusen. Resta saber como será daqui a três semanas no terreno do Mónaco de Leonardo Jardim, que ganhou a este Bayer e que empatou em São Petersburgo. Até a qualificação para a Liga Europa pelo terceiro lugar parece ser, para já, uma meta difícil.

Sim, é cedo para enterrar este Benfica europeu. Ainda faltam quatro jogos, 12 pontos e tudo pode acontecer. Mas o que tem servido para consumo interno — e os “encarnados”, com mais ou menos dificuldades, têm uma vantagem confortável na Liga portuguesa — não está a resultar lá fora. Numa equipa em transição, depois de perder muitos dos seus melhores jogadores, Jesus ainda está em busca da melhor receita e resolveu experimentar alguns ingredientes novos ou, pelo menos, não tão utilizados, como Bryan Cristante, Derley ou André Almeida nos lugares que costumam ser de Samaris, Lima e Maxi Pereira.

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Foi um mau palco para Jesus experimentar. Dizer que o Benfica atacou na primeira parte é ser simpático. Fez um remate que não teve grande direcção a cinco minutos do final desse período. Antes, já a equipa da casa estava a ganhar por 2-0 e o resultado era lisonjeiro. Até ao primeiro golo, a formação alemã já tinha tido três bolas de golo, incluindo um remate ao poste. O marcador funcionou pela primeira vez aos 25’. Son Heung-Min avançou até à entrada da área, fez um remate que Júlio César não encaixou e, antes que conseguisse recuperar a bola, já Stefan Kiessling estava à sua frente para marcar o primeiro.

Era o início de mais um pesadelo alemão para o guarda-redes brasileiro, depois dos sete golos sofridos no Mundial. Júlio César teve culpa no golo, mas não foi o único culpado, e foi impotente, tal como o resto da equipa, para mudar o curso do jogo.

O 2-0 aconteceu aos 34’, com Son Heung-Min, isolado na grande área, a concluir uma jogada rápida pelo flanco direito. Nada funcionava no lado “encarnado”, nem a defesa (lenta e deficiente na marcação), nem o meio-campo (errático nos passes e no posicionamento), nem o ataque (qual ataque?).

Ao intervalo, Jesus fez uma dupla substituição, saindo Cristante e Talisca (duas exibições horríveis) e entrando Maxi Pereira e Lima, dois jogadores com outra rodagem internacional. Mas o mal já estava feito e pouco ou nada mudou no jogo. Aos 51’ Çalhanoglu, a centímetros da baliza, só não marcou porque o relvado do BayArena fez a bola bater-lhe na coxa e não no pé.

Aos 62’, aconteceu a única coisa boa para o Benfica no jogo — o golo de Salvio. Mas o minuto seguinte devolveu o Benfica à escuridão. O árbitro Martin Atkinson entendeu que era falta para penálti uma jogada confusa entre Jardel e Kiessling dentro da área e Çalhanoglu, na conversão, não falhou. Esse remate de Salvio, que dera o golo poucos minutos antes, foi mesmo o único que o Benfica fez enquadrado com a baliza. 100% de aproveitamento, portanto, o que seria uma boa notícia, mas noutras circunstâncias.

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