Jogadores da selecção brasileira escutam: “Um professor vale mais do que o Neymar”

Uma manifestação de cerca de 200 professores bloqueou a saída do autocarro da selecção brasileira do hotel em que estava hospedada, junto do aeroporto do Rio de Janeiro.

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Os manifestantes afastados pela polícia brasileira Yasuyoshi Chiba/AFP

Os jogadores da selecção brasileira que actuam fora do país não tiveram a mais calorosa das recepções na chegada ao Brasil. Um grupo de cerca de 200 professores posicionou-se, na manhã desta segunda-feira, em frente ao hotel da equipa, onde se manifestaram contra a realização do Mundial de futebol.

Faixas e cartazes com “Não vai haver Copa!” e gritos de “Não estou interessado no Mundial! Queremos mais dinheiro para saúde e educação!”, foram as palavras de ordem dos manifestantes, alguns deles com narizes de palhaços.

À saída do autocarro da selecção brasileira para o centro de treinos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em Granja Comary, Teresópolis, os professores chegaram a cercar a viatura e interditaram uma das vias de saída do hotel. O autocarro viu-se forçado a fazer um desvio para prosseguir, contando ainda com escolta policial. Não há registo de feridos.

Após a saída do veículo, os manifestantes continuaram com o protesto e caminharam até ao aeroporto internacional. "A nossa intenção é aproveitar a presença dos media nacional e, principalmente, internacional para também apresentar a situação dos professores do Rio", esclareceu Marta Moraes, uma das manifestantes, ao Jornal do Brasil.

Os professores do Rio de Janeiro, em greve desde 12 de maio, exigem um aumento de salário de 20% para todos os oficiais da educação no estado e munícipies. Uma reunião em assembleia será realizada no Clube Municipal, em Tijuca, zona norte da cidade, na próxima sexta-feira, 30 de maio.

Protestos também junto do centro de treino

Em Granja Comary, cerca de meia centena de manifestantes fizeram sentir a sua revolta com a realização do Mundial no Brasil. “É ultrajante saber que se gastam mais de 15 milhões de reais (cerca de 5 milhões de euros) para renovar o centro de treino e bilhões no Mundial, enquanto nenhuma das vítimas da tragédia de 2011 foi realojada nas habitações prometidas”, disse Rosangela Castro, professora pública em Teresopolis, à AFP.

Em 2011, mais de 900 pessoas morreram em Teresopolis e outras cidades nas áreas montanhosas do estado do Rio de Janeiro, devido a fortes chuvas que causaram cheias e deslizamentos de terras.

A 17 dias do arranque do Mundial, as autoridades brasileiras enfrentam ataques de todos os sectores. Na semana passada, um movimento organizado por condutores de autocarros em São Paulo tornaram caótico o tráfego da maior cidade do país. Texto editado por Jorge Miguel Matias

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