Golo invalidado retirou alguma festividade ao Natal sportinguista
“Leões” perderam oportunidade de voltarem a encerrar o ano isolados na liderança do campeonato. Slimani até marcou, mas o árbitro entendeu que o golo foi ilegal, num lance que gerou muitos protestos.
O escudo dava lugar ao euro e viviam-se dias de grande optimismo e orgulho nacional. No Porto, um verdadeiro terramoto eleitoral colocava Rui Rio à frente do município e nos cinemas exibiam-se os primeiros filmes das sagas Harry Potter e O Senhor do Anéis. No futebol, José Mourinho brilhava à frente da União de Leiria, Jorge Jesus treinava o Vitória de Setúbal, Toni o Benfica e Paulo Bento era o estratega do meio-campo do Sporting. Estávamos no final de 2001 e os “leões”, comandados pelo romeno Laszlo Boloni, lideravam o campeonato na noite da passagem de ano.
Este sábado, 12 anos depois, a equipa de Alvalade viu escapar por entre os dedos a oportunidade de repetir um Dezembro especial, mesmo que Slimani tenha chegado a introduzir a bola na baliza do Nacional.
Durante breves segundos, mais de 38 mil adeptos festejaram o cabeceamento do avançado argelino que bateu Gottardi. Mas a euforia foi dando lugar ao desespero quando a equipa de arbitragem, liderada por Manuel Mota, invalidou o lance, por uma pretensa falta atacante (não se percebeu se de Slimani ou de Montero). Faltavam 25 minutos para o final do encontro, mas a equipa lisboeta não voltaria a abanar as redes adversárias. O Sporting não terminará o ano isolado no primeiro lugar do campeonato, mas deixa 2013 com os mesmos pontos do FC Porto e do Benfica.
O ambiente era de festa no interior e exterior do Estádio José Alvalade nos momentos que antecederam o início do encontro. Mas foi bem mais soturno quando os 38.624 espectadores (a segunda melhor casa da temporada) abandonaram o recinto.
E o golo invalidado não foi a única razão que contribuiu para o triste final de noite dos adeptos. Em campo esteve também um adversário determinado que, tal como o treinador Manuel Machado avisara na antecipação da partida, não “passeou” em Lisboa. Pelo contrário, estudou bem o adversário e conseguiu condicionar o jogo “leonino” durante toda a primeira metade e aguentar a pressão na fase final. Para tal, os insulares não se inibiram mesmo de praticar algum antijogo, aproveitando toda e qualquer paragem para desperdiçar alguns segundos, procurando interromper o ritmo do encontro, como lhes convinha.
Com a equipa bem posicionada em campo e um meio-campo pressionante, com particular atenção ao trio de médios sportinguistas, sempre vigiados muito de perto (André Martins nem conseguiu respirar face à sombra volumosa de Aly Ghazal), conseguindo anular inúmeras transições atacantes da equipa da casa. Mas o Nacional não se limitou às acções defensivas, procurando através de um futebol mais directo surpreender os lisboetas, mas quase sempre sem passar das intenções.
O efeito conjugado de toda a estratégia nacionalista acabou por impedir o “leão” de ser a equipa autoritária dos últimos jogos. No final dos primeiros 45’, o Sporting somava apenas dois remates à baliza defendida por Eduardo Gottardi. O primeiro, aos 16’, quando André Martins, de livre, deixou brilhar o guarda-redes brasileiro; o segundo, aos 24’, com Capel a não fazer melhor do que o seu companheiro, encerrando o melhor momento do Sporting na primeira metade.
Leonardo Jardim arriscou mais no reatamento. Deixou nas cabines André Martins, lesionado, e reforçou o ataque com Slimani, para acompanhar um pouco inspirado Montero no ataque. O Nacional também regressou mais determinado e com ordens para arriscar mais um pouco. A partida ganhou nova emoção.
Aos 54’, Slimani testou pela primeira vez Gottardi, mas seriam os insulares a falhar o lance mais flagrante do encontro, quando Diego Barcellos, sozinho perante Rui Patrício, atirou inexplicavelmente ao lado. Um grande susto para um Sporting, que acabou por responder bem, chegando ao golo aos 65’. Mas não valeu. Até final, os lisboetas procuraram desesperadamente marcar, mas a tensão e o nervosismo levaram a melhor. No final, não houve aplausos, mas sobraram apupos para os homens de negro.