Jesus assombrou a Luz com a maior vitória do Sporting desde 1948
Com este resultado (0-3), "leões" mantêm liderança. Jorge Jesus foi vaiado no seu regresso ao Estádio da Luz.
Vencer o Benfica no Estádio da Luz por três golos de diferença num jogo de campeonato é uma situação anómala, pelo menos para o Sporting, que não o fazia há 68 temporadas, mas neste domingo estava sentado no banco “leonino” Jorge Jesus e isso fez toda a diferença. O regresso do técnico a uma casa onde ganhou 11 títulos em seis temporadas foi demolidor, assim como a exibição da sua equipa, que interrompeu um jejum de 10 anos sem triunfos no recinto “encarnado”. O “mestre da táctica” bateu por KO Rui Vitória, aumentou para oito pontos a diferença para os bicampeões nacionais e aproveitou o empate do FC Porto para se isolar no comando da tabela classificativa.
Da panela de pressão em que se transformou o derby lisboeta, foram Jesus e o Sporting que emergiram como vitoriosos, numa partida em que o Benfica até chegou a prometer, mas em que sucumbiu a três golpes fatais dos “leões” na primeira metade. Muitas culpas para a defesa da casa, que tremeu a cada ataque do adversário, acumulando erros que lhe foram fatais. Depois, na segunda parte, valeu a maior frescura física da equipa de Alvalade (que mudou dez jogadores em relação à partida com o Skenderbeu, para a Liga Europa) para gerir a vantagem e causar ainda um ou outro calafrio a Júlio César.
Na antevisão do clássico, Rui Vitória tinha sugerido que este encontro iria colocar frente a frente uma equipa, a sua, contra 11 jogadores do Sporting, que não sabia se formariam uma equipa. A frase, provocatória ou não, teve o condão de espicaçar os “leões”, que realizaram a sua melhor exibição na presente temporada. Apresentaram-se na Luz como um conjunto coeso, solidário e pressionante, que soube aproveitar com mestria os momentos cruciais do jogo para golpear a equipa da casa.
Apostando no mesmo “onze” que perdera na Turquia, na última quarta-feira, frente ao Galatasaray para a Liga dos Campeões, Rui Vitória procurou explorar alguma eventual intranquilidade do Sporting nos momentos iniciais. Mas o adversário trazia a lição bem estudada e não se deixou intimidar pela dinâmica atacante do Benfica, procurando sempre precipitar o erro do adversário e pressionar logo na primeira fase de construção “encarnada”. Foi assim que surgiu o primeiro golo, aos 9’, quando um passe errado de André Almeida à saída da sua área foi interceptado por Adrien, com o médio sportinguista a desmarcar rapidamente Teo Gutiérrez. Júlio César antecipou-se, mas afastou a bola contra as pernas do colombiano, que inaugurou o marcador.
Foi o primeiro balde de água gelada nas bancadas da Luz, enfeitadas com 63 mil adeptos. A desvantagem não trouxe uma reacção determinada do Benfica. Pelo contrário, a equipa até baixou o ritmo de jogo e os “leões” agradeceram. E, aos 21’, deram mais uma alfinetada no encontro. Com espaço, Jefferson cruzou na esquerda directamente para a cabeça de Slimani que, à vontade entre os centrais, atirou para o fundo das redes, concluindo com uma eficácia desarmante o terceiro lance de ataque da sua equipa.
O melhor que o Benfica conseguiu produzir em toda a primeira metade foi um remate de Jonas, servido por André Almeida, que saiu ligeiramente por cima, à passagem da meia-hora. Mas, seis minutos depois, uma nova perda de bola dos “encarnados” precipitou o terceiro do Sporting, que sentenciou o encontro. Slimani conduziu o contra-ataque com total liberdade, rematou forte para mais uma defesa incompleta de Júlio César, sobrando a bola para a recarga eficaz de Bryan Ruiz. Contido nos dois primeiros golos, Jorge Jesus não reprimiu o festejo do terceiro.
Os “leões” não baixaram o ritmo no segundo tempo. A equipa até subiu as suas linhas, impedindo o Benfica de pensar o seu jogo ofensivo e foi controlando eficazmente os acontecimentos até final. Sem soluções, nem arte, o Benfica apenas obrigou Rui Patrício a aplicar-se aos 69’, quando Naldo perdeu uma bola na linha para Raul Jiménez, com o avançado a permitir a defesa do guarda-redes. A impotência e desnorte do conjunto de Rui Vitória ficou expressa aos 80’, quando um atraso mal medido de Luisão para Júlio César só não acabou em autogolo porque o dono da baliza, em esforço, desviou a bola quase em cima da linha.
Depois de oito tentativas que acabaram em derrotas, Jorge Jesus conseguiu a primeira vitória da sua carreira no Estádio da Luz, na condição de treinador visitante, acabando com uma série de 55 jogos do adversário sem perder no seu recinto para a Liga. Já Rui Vitória somou o segundo desaire da temporada frente ao Sporting, mas no horizonte surge já um novo embate entre os dois técnicos, agora para a Taça de Portugal, em Alvalade.