PSP deu parecer negativo à festa do Benfica no Marquês de Pombal
Polícia diz que esteve contra montagem de palco em redor da estátua e contra venda de bebidas em garrafas de vidro.
Nas reuniões entre a Câmara de Lisboa, o Benfica e a PSP, para a preparação da festa do título, a polícia insistiu sempre que a forma como os festejos estavam programados para o Marquês de Pombal não era a mais adequada para garantir a segurança dos milhares de adeptos, disse fonte policial.
Um dos exemplos para o qual a PSP chamou a atenção das entidades envolvidas na realização da festa foi a construção de um palco circular montado à volta da estátua do Marquês, alegando que este dificultava que fosse estabelecido um perímetro de segurança, mas o seu parecer não é vinculativo.
O Comando Metropolitano de Lisboa defendia a solução da época passada: a montagem de um palco linear que permitisse criar caixas de segurança que dividisse os adeptos.
Durante as reuniões, a Polícia chamou também a atenção dos responsáveis para a venda de bebidas alcoólicas em vasilhame de vidro, tendo defendido que estas fossem servidas apenas em copos de plástico.
Segundo disse fonte policial à Lusa, a PSP manifestou-se preocupada até ao último minuto e os elementos policiais foram para o local com o coração nas mãos.
Outro dos pontos de tensão, na opinião da mesma fonte, foi a passagem das imagens em ecrã gigante do incidente que ocorreu nas imediações do Estádio do Guimarães, onde um polícia agrediu dois adeptos em frente aos filhos menores, o que terá incendiado ainda mais os ânimos.
Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz da PSP recusou-se a fazer comentários, alegando que se trata de "matéria reservada".
Medina: "Não há portagens"
Horas depois das notícias sobre o parecer da PSP, o presidente da Câmara de Lisboa comentou o assunto. Fernando Medina considerou que os incidentes no Marquês se deveram a "grupos possivelmente marginais", que “atiraram garrafas, agrediram agentes da PSP e famílias”, não estando relacionados com o dispositivo que foi montado.
“Os desacatos que aconteceram no Marquês são absolutamente lamentáveis e inaceitáveis para a cidade de Lisboa e para um fenómeno desta natureza e nada têm que ver com o dispositivo que foi encontrado", disse o autarca, citado pela Lusa.
Fernando Medina sublinhou ainda que o local onde ocorreram os incidentes era de acesso livre: "Não há controlo de entradas no espaço público, não há portagens."
Sem nunca desmentir o parecer negativo da PSP, Medina disse que “há bastante tempo" que vinha a ser discutido o modelo de segurança entre a autarquia, a PSP e o Benfica, tendo sido escutadas "várias opiniões" para assegurar festejos em "segurança, estabilidade" e com "fluidez" nas movimentações quer das forças de segurança e emergência quer da equipa de futebol.
A festa do título do Benfica juntou milhares de adeptos no Marquês de Pombal, onde tudo decorreu dentro da normalidade até cerca da 1h15 de segunda-feira, altura em que a polícia interveio, alegadamente por vários adeptos terem arremessado objectos.
Os incidentes resultaram na detenção de 13 pessoas, por posse de material pirotécnico e por agressões aos polícias em serviço. A PSP adianta que recebeu 13 queixas por roubos na via pública e que, durante o restabelecimento da ordem pública, ficaram feridos 16 polícias, com escoriações devido ao arremesso de pedras, garrafas de vidro e material pirotécnico, havendo um veículo da divisão de trânsito com um vidro partido.
Entretanto, a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, determinou à IGAI a abertura de um processo de inquérito com vista ao apuramento dos factos praticados por todos os elementos da PSP que tiveram intervenção nos incidentes ocorridos junto ao Marquês de Pombal e artérias adjacentes, que envolveram elementos da PSP e adeptos de futebol. com Lusa