Principais clubes europeus “tentados” pela ideia de uma nova Liga
Arsenal, Chelsea, Manchester United, Manchester City e Liverpool reuniram-se com o magnata norte-americano Stephen Ross.
A reunião teve lugar em Londres, na terça-feira, e juntou numa unidade hoteleira da capital inglesa altos representantes dos principais clubes do país – Chelsea, Liverpool, Arsenal, Manchester United e Manchester City – com o objectivo de delinear os primeiros pontos do que poderá ser um novo formato competitivo que possa ser uma alternativa à Liga dos Campeões.
A ideia não é nova e o cérebro impulsionador desta ideia é também conhecido. Trata-se do multimilionário norte-americano Stephen Ross, proprietário dos Miami Dolphins (NFL), que, após assistir a um amigável entre o Barcelona e os mexicanos do Chivas, com 70.080 espectadores (um recorde nos Estados Unidos), avançou para a criação de um dos mais lucrativos torneios de pré-época da actualidade – a International Champions Cup –, que conta com os principais clubes de futebol do mundo.
A discussão sobre um novo formato para as competições europeias, em particular a Liga dos Campeões, não é uma novidade, mas tem-se intensificado nos últimos tempos. Há dois meses, por exemplo, a Associação Europeia de Clubes levou até à UEFA um conjunto de medidas para tornar a Champions mais atractiva do ponto de vista do espectáculo, mas sobretudo do ponto de vista financeiro.
Essas medidas previam, por exemplo, a hipótese de garantir vagas na principal competição europeia a determinados clubes, independentemente do desempenho desportivo nos respectivos campeonatos, e é precisamente por aí que a proposta de Ross começa a ganhar espaço.
Tal como acontece no torneio de pré-epoca, altamente lucrativo a nível financeiro (segundo dados do relatório e contas do Benfica, único clube português a participar na competição em 2015, os "encarnados" encaixaram 3 milhões de euros pela digressão na América do Norte), Ross pretende seleccionar um conjunto de clubes para disputar uma competição internacional, que juntará os maiores emblemas do mundo, independentemente do mérito desportivo, e assim criar um torneio altamente “apetecível” a nível financeiro também para patrocinadores, cadeias de televisão e adeptos.
Mais recentemente, no mês passado, numa reunião em Milão, o presidente da Juventus, Andrea Agnelli e o director-geral do Bayern Munique, Karl-Heinz Rummenigge, falavam num dos motivos pelo qual deveria ser criada uma nova competição e alertavam para a pouca rentabilização do espectáculo futebol inerente à Champions: “A Liga dos Campeões vale 1500 milhões de euros em direitos televisivos, contra os 7000 milhões da NFL. Contudo, dos 2000 milhões de amantes de desporto em todo o mundo, 1600 são adeptos de futebol enquanto a NFL conta apenas com 150 milhões”, afirmaram.
Ao mesmo tempo, a “nova” Liga consegue, por exemplo, evitar casos como o do AC Milan, que, apesar de ser uma marca altamente rentável em todo o mundo, não assegura uma vaga para disputar a Liga dos Campeões desde 2013.
O “problema” é que, ao “desviar” os principais clubes europeus, uma hipotética nova Liga europeia torna-se uma real ameaça à Liga dos Campeões. Numa altura em que, quer a FIFA, quer a UEFA vivem momentos de grande instabilidade estrutural, com o afastamento de Blatter e Platini, respectivamente, nem mesmo a subida dos prémios atribuídos que se verificou nos últimos anos parece satisfazer a demanda dos clubes e salvar o modelo desportivo do “velho” continente dos dólares de Ross.
Para já, e numa reacção à reunião de terça-feira, os clubes envolvidos apressaram-se a negar que o tema esteja a ser discutido. O Arsenal, por exemplo, garantiu que “nenhum dos clubes presentes na reunião esteve à procura de mudanças no panorama futebolístico europeu”. Por isso, resta esperar e acompanhar o próximo capítulo do “espectáculo” de Stephen Ross, que, segundo avança a imprensa inglesa, segue agora negociações com Barcelona e Real Madrid.