O Newcastle autodestruiu-se e o Benfica aproveitou
“Encarnados” deram a volta ao marcador e venceram por 3-1. Para a semana jogam em Inglaterra e estão bem colocados para atingir as meias-finais da Liga Europa.
O soundbyte do dia anterior havia pertencido a Alan Pardew. O técnico do Newcastle colocaria o Benfica entre os oito ou dez primeiros da Premier League. Jorge Jesus interpretou as palavras do britânico como uma provocação e respondeu com a eliminação do Manchester United pelos “encarnados” na Liga dos Campeões, acrescentando que nunca tinha visto os magpies nestas andanças. Mas o treinador do Benfica deixou o aviso: nada de menosprezar uma equipa que anda pela segunda metade da tabela no campeonato inglês pois eles podem ser perigosos.
E foram, pelo menos durante 20 minutos. A fugir à estratégia de futebol directo, o Newcastle até se apresentou com uma táctica semelhante aos “encarnados”, de pressão alta e constante, e com melhor ocupação de espaços e critério no passe. Ajudava ter dois homens rápidos e móveis na frente, Sissoko e Cissé e um Sylvian Marveaux com liberdade para manobrar no meio-campo e andar pelas alas. Resumindo, o Newcastle não parecia um 15.º classificado da Premier League, nem o Benfica parecia o líder da Liga portuguesa — não ajudaram as várias mudanças que Jesus fez para o jogo, André Almeida, André Gomes, Ola John e Rodrigo nos lugares de Maxi, Enzo, Salvio e Lima.
O golo do Newcastle surgiu como um desenvolvimento natural do jogo. Aos 12’, Marveaux faz o passe perfeito para Sissoko, este faz o cruzamento para a pequena área e Cissé, mais rápido que Luisão, só tem de empurrar para a baliza de Artur. A formação britânica podia ter elevado a contagem pouco depois, aos 23’ — Cissé recebe a bola na área “encarnada”, consegue rematar, a bola bate em Garay e Artur ainda a consegue desviar para o poste.
Não aumentou o Newcastle, marcou o Benfica, que ainda estava com grandes dificuldades para entrar no jogo. Minuto 25’, Cardozo consegue fazer um primeiro remate, Krul defende para a frente e Rodrigo chega primeiro à bola que o guarda-redes holandês do Newcastle para fazer a recarga e empatar o jogo.
O golo do jovem hispano-brasileiro foi o que o Benfica precisava. Dois minutos depois, os “encarnados” têm três oportunidades de golo na mesma jogada, com remates sucessivos de Melgarejo, Ola John e André Gomes, os dois primeiros repelidos por Krul, o terceiro para fora. O holandês volta a estar em destaque, ao desviar um poderoso cabeceamento de Matic, aos 40’. Eram mais que óbvias as fragilidades defensivas da formação britânica e o Benfica tinha homens na frente para aproveitar.
Logo a abrir a segunda parte, o Benfica voltou a ser surpreendido pela velocidade de Cissé, mas também voltou a ser salvo pelos postes. Marveaux serve de forma perfeita o senegalês, que consegue fazer a bola voar por cima de Artur. Só que ela vai, de novo, ao ferro da baliza “encarnada”.
Apesar da oportunidade, o Newcastle não foi o mesmo do início e o Benfica assumiu o domínio de jogo, sem que isso significasse grandes situações de golo — a melhor aconteceu aos 56’, com Rodrigo a fazer um passe defeituoso a que Cardozo não conseguiu chegar.
Este empate era um resultado que convinha aos britânicos e nada agradável para o Benfica. Mas os homens de Jorge Jesus só tiveram de assistir ao processo de autodestruição do Newcastle para garantir uma viagem mais tranquila ao Norte de Inglaterra, na próxima quinta-feira. Primeiro, aos 66’, foi o italiano Santon (um jovem lançado por José Mourinho no Inter de Milão) a fazer uma “assistência” para Lima, que fez o 2-1. Depois, aos 69’, Taylor faz um corte com o braço dentro da sua área e o árbitro assinalou penálti. Cardozo meteu a bola na baliza, o árbitro mandou repetir, e o paraguaio, à segunda, confirmou o 3-1.