Primeiro banho de multidão foi no Porto
Eva Costa, de nove anos, estava meio assustada com o barulho ensurdecedor e o cheiro a queimado dos foguetes, mas também meio entusiasmada com a perspectiva de conseguir encontrar Lima, o seu jogador preferido, numa das janelas do autocarro do Benfica. Estava no sítio certo, na berma do passeio, mesmo junto do desvio para a zona das partidas que o condutor do veículo acabaria por falhar. “Vai ter de dar a volta, corre que vais vê-lo…” Eva deixou a irmã mais velha, portista, e o pai, do Sporting, à espera no carro: com ela estava a mãe, Susana, que em tempos até foi atleta de ginástica artística do FC Porto mas aos 14 anos percebeu “que aquele clube não era" para ela. “Nessa altura escolhi o Benfica por ir contra, e depois foi uma paixão muito grande”, justifica.
Paixão, felicidade, orgulho, eram os sentimentos que quem saiu para fazer a festa do bicampeonato no Porto garantia experimentar. “É uma grande emoção, e da maneira que foi até deu mais prazer”, dizia Joana Fonseca, que foi de Vila Nova de Gaia até à Casa da Música para gritar pelo seu clube. “Este [título] teve um gosto especial”, concordava Goreti Oliveira, que levou a filha Leonor ao colo a ver a festa. “É só um cheirinho, vamos já embora que amanhã é dia de escola”, avisava à pequena. Ao lado estavam muitas outras famílias, pais, filhos e avós, a agitar bandeiras e, talvez inspiradas pelo edifício dedicado à música, a afinar as buzinas e vuvuzelas ao ritmo da percussão.