Portugal empata no último suspiro e precisa de uma calculadora
Um golo de Varela nos derradeiros instantes dos descontos manteve uma réstia de esperança à selecção nacional, que até começou a ganhar em Manaus logo aos 5’. As contas são agora muito complicadas.
E tudo parecia bem encaminhado, quando Nani inaugurou o marcador aos 5’. Portugal teve depois de sofrer, mas chegou ao intervalo por cima da partida, falhando duas flagrantes oportunidades para ampliar a vantagem nos instantes finais do primeiro tempo. Os EUA, que já haviam ameaçado e muito nos 45’ iniciais, foram bem mais acutilantes após o reatamento. Aos 64’, empataram a partida e deram a volta ao resultado aos 80’. Quando tudo já parecia definitivamente perdido, Ronaldo encontrou a cabeça de Varela na área e seria confirmado o empate.
Com quatro jogadores impedidos de alinhar frente aos EUA – Rui Patrício, Fábio Coentrão e Hugo Almeida, por lesão, e Pepe, castigado -, Paulo Bento só mexeu nos lugares que estes elementos deixaram vagos, não indo mais longe em matéria de inovações. Nos extremos verticais da equipa, Beto, na baliza, e Hélder Postiga, no ataque, estrearam-se no Mundial do Brasil. E o avançado durou apenas um quarto-de-hora em campo, saindo lesionado e cedendo o lugar a Éder. Mais uma contrariedade para o seleccionador nacional, que impedia muito do que seria a estratégia atacante idealizada para a partida.
O conjunto orientado por Jurgen Klinsmann, apresentou apenas uma novidade no que respeita à equipa que derrotou o Gana (2-1), no Arena das Dunas, em Natal, e foi igualmente forçada. A lesão do ponta-de-lança Altidore abriu as portas da titularidade ao médio Zusi, mas com esta mudança alterou o figurino táctico para defrontar os portugueses. Prescindiu do 4-4-2 que apostou frente aos africanos, optando pelo mais cauteloso 4-2-3-1, que não é de todo estranho a esta selecção, que tem na defesa férrea e no contra-ataque as suas principais armas contra as equipas mais cotadas que enfrenta, como Portugal confirmou fatalmente na segunda parte do encontro.
Fosse qual fosse a estratégia inicial de Klinsmann não durou muito tempo. Se os americanos demoraram menos de 30 segundos para inaugurar o marcador no jogo com o Gana, os portugueses demoraram um pouco mais, mas fizeram-no logo aos 5’, a confirmar uma entrada determinada na partida. Miguel Veloso cruzou para a área onde Nani, sem oposição, rematou para o golo.
Os EUA tiveram de sair da sua zona de conforto e procurar o empate. E fizeram-no com convicção, a partir dos 10’, subindo as suas linhas, pressionando bastante o meio-campo adversário e procurando, sem cerimónias, surpreender com remates de fora da área. Serviriam para afinar a pontaria para a segunda metade.
A selecção nacional demorou a reagir, mas acabaria por encerrar o primeiro tempo tal como começara a partida, ainda que, desta vez, sem mexer no marcador. Pelo meio, a equipa apresentou muitas dificuldades nas transições atacantes e para contornar a bem colocada defesa americana. A reacção chegaria nos últimos minutos antes do intervalo, com Nani e Éder a fazerem brilhar bem alto o guarda-redes Tim Howard.
A partida reatou com um grande susto e um forte aviso para as cores nacionais, valendo Ricardo Costa para adiar o golo, em cima da linha, num remate de Bradley e sem Beto na baliza. Mas, aos 64’, não houve como parar o forte remate bem colocado de Jermaine Jones, que empatava o encontro. Se Portugal já estava ansioso, mais ficou e entraria em estado de choque aos 80’, quando Dempsey confirmou a reviravolta, numa altura em que os portugueses procuravam desesperadamente recuperar a vantagem.
Nos instantes finais, Ronaldo teve finalmente discernimento para empurrar a equipa e alcançar o menos mau. Correu pela direita e cruzou para a cabeça de Varela (entrado aos 68’ para o lugar de Raul Meireles) que, ao segundo poste, não falhou. Agora é preciso uma máquina de calcular.