Polícia afasta tese de acidente na morte da namorada de Pistorius
Atleta será ouvido em tribunal na sexta-feira, permanecendo detido até lá.
“Ele irá comparecer amanhã [sexta-feira] perante o Tribunal de Instância de Pretória. O caso foi adiado porque é necessário enviar análises de sangue”, declarou um porta-voz da Procuradoria, Medupe Simasiku, à agência de notícias France Presse. A audiência está agendada para as 9h (6h de Lisboa).
A polícia sul-africana acusou o atleta paralímpico Oscar Pistorius de homicídio da sua namorada, o modelo Reeva Steenkamp, afastando assim a hipótese de esta ter sido alvejada acidentalmente por ter sido confundida com um ladrão. O homicídio terá ocorrido às 4h (1h em Lisboa).
“Posso confirmar que o suspeito foi acusado de homicídio”, disse a tenente-coronel Katlego Mogale após o tiroteio na casa de luxo de Pistorius em Pretória, uma formulação que exclui a tese de acidente.
“Ficámos surpreendidos com as alegações de que a vítima mortal tinha sido confundida com um ladrão. As instalações são bastante seguras... Esta é uma propriedade bastante segura”, disse Denise Beukes, porta-voz da polícia a um canal de televisão sul-africano.
Pistorius permanecerá detido até ser ouvido em tribunal, uma vez que as autoridades sul-africanas negaram a fiança para libertação do atleta. A decisão foi justificada com o facto de existirem relatórios de incidentes domésticos na casa do atleta acusado, ainda segundo Denise Beukes.
A vítima, o modelo Reeva Steekamp, de 30 anos, foi atingida por quatro balas e morreu no local, disse fonte policial.
Estrela no seu país, Pistorius, de 26 anos, conhecido como “Blade Runner”, devido às próteses de carbono com que corre, atleta de 400 metros, campeão paralímpico, foi o primeiro duplamente amputado a participar em Jogos Olímpicos, em 2012, em Londres. Ficou-se pelas meias-finais, mas já tinha feito história ao conquistar o direito a competir para lá do desporto paralímpico.
Alguns dias depois, ganhou a medalha de ouro dos 400 metros nos paralímpicos, que somou a três outras ganhas quatro anos antes em Pequim: as dos 100, 200 e 400 metros.
Fez parte da estafeta sul-africana que conquistou a medalha de prata nos Mundiais de atletismo de 2011 na Coreia do Sul, apesar de não ter corrido a final. Apaixonado pela velocidade, sofreu a amputação de ambas as pernas aos 11 meses.
Numa entrevista ao PÚBLICO, disse que não se importa de ser conhecido como “Blade Runner”, mas manifestou desagrado por ser tratado como “o homem mais rápido sem pernas”.