Com uma goleada (3-0) ao Luxemburgo, Portugal garantiu um lugar entre os melhores segundos classificados da qualificação europeia para o Mundial 2014. Esta será a terceira vez que Portugal disputa um play-off de acesso a uma grande competição internacional. Nas duas ocasiões anteriores, a selecção eliminou a Bósnia-Herzegovina para chegar ao Mundial 2010 e Euro 2012.

O sorteio do play-off de acesso ao Mundial 2014 está marcado para 21 de Outubro, na sede da FIFA, em Zurique, às 13h (hora portuguesa). Como a hierarquização das equipas no sorteio será feita de acordo com a actualização do ranking da FIFA a ser divulgada na quinta-feira, dia 17, é possível projectar – com a ferramenta disponibilizada pelo organismo que tutela o futebol mundial – que Portugal terá estatuto de cabeça-de-série, tal como a Croácia, Grécia e Ucrânia. Do outro lado, entre os possíveis adversários, vão estar França, Suécia, Roménia e Islândia. A decisiva eliminatória, disputada a duas mãos, está prevista pela FIFA para 15 e 19 de Novembro.

França, a evitar
O próprio Cristiano Ronaldo já disse que preferia evitar a França no play-off. O capitão da selecção portuguesa aludiu a “outros interesses” que podem prejudicar Portugal na decisiva eliminatória. Quem não se lembra da escandalosa mão na bola de Thierry Henry, no lance que resultou no golo que deu à França o apuramento para o Mundial 2010, no play-off contra a Irlanda?

A presença da França na eliminatória de acesso ao Mundial 2014 resulta enganosa: os bleus foram sorteados num grupo que também incluía a Espanha, campeã europeia e mundial em título. A equipa orientada por Didier Deschamps chegou a atravessar em 2013 uma fase negativa (quatro jogos consecutivos sem vencer e sem marcar golos), mas é sempre um adversário a evitar. A última vez que Portugal defrontou os franceses foi nas meias-finais do Mundial 2006, tendo sido derrotado por um golo solitário de Zinedine Zidane. É preciso recuar até 1975 para encontrar o último triunfo da selecção nacional sobre a França.

Franck Ribéry, com cinco golos em oito jogos na qualificação para 2014, foi o jogador em destaque na equipa francesa, mas é preciso não esquecer Giroud, Pogba ou Nasri.

Suécia sonhou
Durante algum tempo a Suécia ainda sonhou em ser cabeça de séria no play-off. Mas a selecção orientada por Erik Hamren permitiu a reviravolta à Alemanha (3-5) e acabou atirada para o lote das não cabeças-de-série. Estas duas selecções já tinham protagonizado um dos mais espectaculares encontros da qualificação para o Mundial 2014 quando, precisamente há um ano, na Alemanha, os suecos conseguiram recuperar de uma desvantagem de 0-4 para obterem um empate 4-4.

Zlatan Ibrahimovic é a grande figura da Suécia – o Benfica, que recentemente visitou o Paris Saint-Germain, que o diga – e aos 32 anos não quererá desperdiçar a oportunidade de disputar uma terceira fase final de um Campeonato do Mundo (esteve em 2002 e 2006).

Portugal e a Suécia não jogam desde 2009, sendo que as três últimas partidas terminaram com empate.

Roménia, a sobrevivente
Num grupo em que três equipas ainda podiam aspirar à presença no play-off, a Roménia levou a melhor sobre a Turquia e Hungria. A cumprir a terceira passagem pelo comando técnico da selecção romena, Victor Piturca recuperou alguma da aura de uma equipa ausente de fases finais de Mundiais desde 1998.

O trabalho de Piturca implicou também uma renovação da equipa da Roménia, que sofreu baixas de jogadores importantes como Christian Chivu (retirou-se em 2011). Vlad Chiriches, treinado por André Villas-Boas no Tottenham e o jogador mais utilizado durante a qualificação, é o seu sucessor natural. Ciprian Marica, avançado do Getafe, também se destacou ao fazer cinco golos em oito jogos na qualificação. Desde a fase de grupos do Euro 2000 que Portugal e a Roménia não se defrontam. Na altura, a equipa nacional venceu com um golo de Costinha no período de compensação.

Islândia, a desejada
À primeira vista, a Islândia até pode surgir como o adversário desejável no play-off. Portugal defrontou recentemente a equipa islandesa, na qualificação para o Euro 2012, obtendo duas vitórias em outros tantos encontros – 5-3 no Estádio do Dragão e 3-1 em Reiquejavique.

Mas as coisas mudaram nestes dois anos na equipa que vem da ilha vulcânica no Atlântico Norte. O “veterano” Lars Lagerback assumiu o comando da equipa e os resultados estão à vista: a prestação na qualificação para o Mundial 2014 foi drasticamente melhor que a obtida no apuramento para o Mundial 2010, em que a Islândia foi última classificada no respectivo grupo. Apesar de não ter tido testes realmente difíceis neste apuramento, a Islândia oscilou entre o bom (empate na Suíça) e o medíocre (derrota em Chipre).

Sigurdsson (Tottenham), Sigthorsson (Ajax) são os principais valores da Islândia, onde Gudjohnsen, aos 35 anos, ainda faz uma perninha. E também há dois jogadores do Belenenses: Jonsson e Danielsson.

Segundos classificados na qualificação europeia
(nas pontuações dos segundos classificados nos grupos A a H foram subtraídos os pontos somados com o último do respectivo agrupamento, para estar em igualdade de circunstâncias com a França, cujo grupo tinha menos uma equipa)

Grupo A Croácia, 14 pontos
Grupo B Dinamarca, 10 pontos
Grupo C Suécia, 14 pontos
Grupo D Roménia, 13 pontos
Grupo E Islândia, 14 pontos
Grupo F Portugal, 15 pontos
Grupo G Grécia, 19 pontos
Grupo H Ucrânia, 15 pontos
Grupo I França, 17 pontos

Sorteio do play-off europeu de acesso ao Mundial 2014
(projecção do ranking feita com a ferramenta disponibilizada pela FIFA)

Cabeças-de-série
Portugal, 1036 pontos
Grécia, 983 pontos
Croácia, 901 pontos
Ucrânia, 871 pontos

Não cabeças-de-série
França, 870 pontos
Suécia, 850 pontos
Roménia, 767 pontos
Islândia, 633 pontos