Confrontos entre adeptos e polícia põem fim a festa do Benfica no Marquês

Depois de horas de festejos, houve uma carga policial. A festa acabou com violência. Pelo menos nove agentes da PSP ficaram feridos e 13 pessoas foram detidas. Luís Filipe Vieira confessa “frustração.

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Depois de muitas horas de festa, houve confrontos Miguel Manso

Também em Guimarães, adeptos do Benfica deixaram estragos no Estádio D. Afonso Henriques, numa bancada e junto ao bar. Já fora do estádio, dois homens foram abordados com violência pela PSP, frente a uma criança que gritava, mostram imagens da CMTV.

Em Lisboa, quando milhares de adeptos do Benfica enchiam a Praça Marquês de Pombal, a PSP entrou em acção na zona mais próxima do Parque Eduardo VII, sem que se tenha percebido de imediato quais as razões da intervenção.

"O foco de desordem iniciou-se no interior da multidão. A polícia teve de intervir. Houve arremesso de garrafas e de pedras contra a polícia", afirmou o subcomissário da PSP Hugo Abreu, em declarações prestadas à SIC, quando ainda não havia informação sobre o número de feridos. "Ainda não estão contabilizados, mas podemos confirmar alguns feridos, tanto da parte da PSP como dos adeptos do Benfica”, disse.

Os confrontos entre adeptos e Polícia de Segurança Pública (PSP) foram controlados perto das 3h da madrugada no Marquês de Pombal mas os distúrbios continuaram em algumas artérias adjacentes, nomeadamente na Avenida Fontes Pereira de Melo, constatou a agência Lusa no local. Nessa avenida, dois caixotes do lixo terão sido incendiados.

Nas imagens transmitidas pelas televisões, é possível ver o arremesso de objectos contra a polícia. Por causa destes confrontos, num primeiro momento cerca de metade da rotunda ficou sem adeptos. O capitão do Benfica, Luisão, ainda fez um apelo à calma, mas mesmo depois da intervenção policial alguns adeptos continuaram a arremessar objectos contra os polícias ainda na rotunda. Mais tarde, a polícia voltou a perseguir alguns adeptos já na Av. Fontes Pereira de Melo. Os jogadores retiraram-se do local e a grande maioria dos adeptos começou a regressar a casa.

Violência também em Guimarães
Também em Guimarães, adeptos do Benfica deixaram um rasto de destruição na bancada Norte do Estádio D. Afonso Henriques, após o jogo que carimbou o 34.º título de campeão nacional de futebol dos “encarnados”. O bar da parte inferior da bancada ocupada pelos adeptos do clube da Luz foi assaltado e o seu funcionário agredido, revelou o vice-presidente do Vitória, Armando Marques.

Segundo os responsáveis do Vitória, os adeptos benfiquistas assaltaram o armazém onde o clube minhoto guarda material desportivo da equipa de futebol, instalado na mesma zona, e furtaram vários artigos. Os dirigentes do Vitória mostraram aos jornalistas os estragos, nomeadamente casas de banho destruídas e parcialmente queimadas, tal como o bar.

Ainda em Guimarães, um adepto do Benfica foi detido com violência por um agente da PSP. Imagens da CMTV mostram os dois a discutir e depois o adepto caído no chão, antes da detenção, frente a uma criança aos gritos, que será filho do adepto. O porta-voz da PSP, Paulo Flor, disse à TSF que a polícia "analisará em sede própria as imagens". "Esperamos nas próximas horas dar mais pormenores, mas para já apenas podemos atestar que o faremos após a conclusão do policiamento que ainda está a decorrer", acrescentou o mesmo responsável sobre este episódio junto ao estádio em Guimarães.

Vieira entre a alegria e a frustração
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, já reagiu nesta segunda-feira aos incidentes, numa mensagem publicada no site oficial do clube onde começa por agradecer o apoio dos adeptos.

"Devo um agradecimento muito especial a todos os benfiquistas que, de norte a sul do país, de Timor a Luanda, de Paris a Toronto, festejaram a conquista deste título", escreve Luís Filipe Vieira, para depois acrescentar: "Devo confessar igualmente alguma frustração. A frustração de quem já viu as imagens da criança que em Guimarães assistiu à detenção do pai de forma violenta e sem razão aparente, a frustração de quem viu os incidentes que interromperam os nossos festejos no Marquês nesta madrugada", referiu.

O presidente do Benfica considera que "o futebol não pode pactuar com qualquer tipo de violência, é preciso apurar responsabilidades", advertindo que "é preciso que os responsáveis pela violência da noite passada sejam identificados e punidos".

"O futebol não precisa dos que ontem provocaram as cenas que vimos. Vi milhares de jovens, centenas de crianças, famílias inteiras a festejar no Marquês. Foi para isso que trabalhámos durante todo o ano, foi para isso que idealizámos tudo o que foi preparado no Marquês", descreveu.

Luís Filipe Vieira lamentou a "minoria" que "tentou estragar" a celebração: "Não sei se são benfiquistas ou apenas um grupo de vândalos profissionais. Sejam o que forem, têm de ser responsabilizados pelo que fizeram. O futebol não precisa deles".

"Quanto às forças de segurança, também há imagens que devem merecer a atenção e a abertura de inquérito por parte do Ministério da Administração Interna. É preciso apurar se não houve, em alguns momentos, excessos por parte das forças de segurança", rematou o presidente 'encarnado', apelando a que os relatos mediáticos das celebrações não sejam reduzidos aos incidentes.

De Guimarães a Lisboa
A comitiva do Benfica deixou o Estádio D. Afonso Henriques cerca das 21h30 e chegou ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, por volta das 22h15. Em declarações no aeroporto, Luís Filipe Vieira disse estar a passar por um "sentimento de felicidade" pela conquista do bicampeonato, "um objectivo perseguido há muitos anos e conseguido agora".

O presidente do Benfica disse que era hora de pensar "já seriamente a próxima época". "Ainda temos algo para ganhar, nada de entrar muito em festas, porque temos de nos preparar para o próximo jogo e depois para o outro, que é a final da Taça da Liga. Temos também de pensar já seriamente a próxima época, porque é importante começar bem", disse o dirigente à Benfica TV, quando a comitiva “encarnada” se preparava para viajar para Lisboa e quando o clima ainda era de festa.

A comitiva aterrou no terminal de Figo Maduro, em Lisboa, perto da meia-noite, seguindo depois directamente para o Marquês de Pombal. Durante o trajecto do autocarro fechado não houve qualquer tipo de festejos com os adeptos, ficando tudo reservado para a zona das celebrações.

Horas antes, milhares de adeptos foram-se acumulando no local e, pouco depois, a praça estava coberta por uma mancha “encarnada”, enquanto nas artérias adjacentes muitos continuavam a encaminhar-se para a zona dos festejos do título de bicampeão. Na praça, estavam instalados dois palcos e dois ecrãs gigantes em fachadas de prédios. Os cânticos dos seguidores da equipa da Luz iam sendo acompanhados de música e luzes, que ganharam contornos de celebração total quando jogadores e staff técnico chegaram ao local. Até que a violência pôs fim à festa. com Lusa

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