Há quase tantos portugueses a jogar em Portugal como no resto da Europa
Contingente de futebolistas portugueses no estrangeiro é cada vez maior. Liga portuguesa, por outro lado, é a terceira com maior percentagem de estrangeiros.
Esta é uma das principais conclusões da edição de 2013 do Estudo Demográfico, do Centro Internacional de Estudos de Desporto (CIES), que será apresentada nesta segunda-feira e a que o PÚBLICO teve acesso.
“Segui um bocadinho o conselho que Passos Coelho deu há um ano, para a gente emigrar, para ir buscar qualquer coisa lá fora”, justificou João Tomás, avançado que trocou recentemente o Rio Ave pelo clube angolano Recreativo de Libolo. Esta estratégia tem sido cada vez mais comum, a ponto de o contingente português nos outros 30 principais campeonatos europeus ter passado de 130 jogadores em 2011-12 para 171 atletas na presente temporada.
Portugal continua a ocupar o quinto lugar no ranking dos mais exportadores, apenas atrás do Brasil (515), França (269), Sérvia (205) e Argentina (188) – todos, à excepção da Sérvia, países bem mais populosos.
Uma análise mais detalhada ao destino dos portugueses mostra, por outro lado, que as razões financeiras serão as que mais pesam na hora de decidir pela emigração. É que o maior contingente joga em Chipre (62), que está longe de ser um campeonato de topo. Segue-se a Liga espanhola (24) e os campeonatos romeno (22) e búlgaro (13), outros dois de segunda linha.
A emigração das principais figuras do futebol português – e cada vez mais, também, de jogadores de equipas médias – deixa, por outro lado, mais espaço para os estrangeiros na Liga portuguesa, que continua a ser a terceira com maior percentagem de futebolistas oriundos de outros países (53,8%), apenas atrás de Chipre (74,2%) e Inglaterra (55,1%).
Um dado relativamente novo é que a média de idades dos estrangeiros que alinham em Portugal (25,5 anos) é inferior à dos jogadores locais (26,4). Números que comprovam a aposta cada vez mais frequente em jovens jogadores sul-americanos.
Outra curiosidade é o facto de a percentagem de estrangeiros que jogam pelas suas selecções (27,6%) ser superior à dos portugueses (15%). Algo que terá sido facilitado pela aposta em novos mercados da América do Sul, de que o peruano André Carrillo (Sporting) e o colombiano James Rodríguez (FC Porto) são bons exemplos.
A preferência dos clubes portugueses por jogadores de outros continentes está ainda bem espelhada num outro ranking que consta do Estudo Demográfico de 2013. Na lista dos dez clubes com mais futebolistas não europeus, constam seis emblemas nacionais, com o Benfica à cabeça (15 jogadores), seguido pelo Inter de Milão (15), FC Porto e Gil Vicente (ambos com 14).