Alemanha de serviços mínimos garante quarta meia-final consecutiva num Mundial
Um golo solitário de Hummels, logo aos 13’, derrubou os franceses, que não tiveram argumentos para contornar a sólida defesa germânica.
O seleccionador Joachim Low admitira na véspera que a Alemanha ainda não tinha mostrado a sua melhor versão no Brasil e também não foi esta sexta-feira que o fez. Não é que o triunfo não tenha sido justo, premiando a equipa que mais trabalhou e melhor talento apresentou em campo para o alcançar. Mas a exibição ficou aquém daquilo que as individualidades germânicas prometem. Os franceses, diga-se, também não puxaram muito pelo adversário, nomeadamente em termos ofensivos. Quando o técnico Didier Deschamps quis mudar, já era tarde de mais. Mesmo assim, Benzema ainda testou os reflexos do guarda-redes Manuel Neuer ao cair do pano.
Foi de bola parada que o golo solitário surgiu no início de uma tarde quente no Maracanã, mas só ao nível da temperatura atmosférica. Toni Kroos cobrou exemplarmente um livre, descaído na esquerda, com Hummels a subir mais alto do que o Varane e a bater Hugo Lloris. A bola ainda tocou na trave antes de entrar. Foi o segundo golo do defesa central neste Mundial, depois de ter também marcado na partida frente a Portugal (4-0). E o jogador esteve muito perto de voltar a fazer abanar as redes na recta final da partida (81’), mas desta vez na baliza errada.
Em desvantagem no marcador, pela primeira vez no torneio brasileiro, o conjunto francês não soube reagir. Face ao bloqueio germânico no meio-campo, procurou surpreender com um futebol mais directo, lançando a bola para as costas da defesa adversária. Valbuena esteve perto do êxito, aos 34’, mas a mão esquerda de Neuer manteve a sua baliza inviolada, tal como o faria, com a mão contrária, no tal lance de Benzema já no último suspiro dos descontos. A experiência como antigo guarda-redes de andebol continua a representar uma vantagem acrescida para o dono das redes alemãs.
Mas antes desta insípida reacção francesa, terá ficado por marcar uma grande penalidade a favorecer os germânicos, quando o lateral direito Debuchy puxou pela camisola de Miroslav Klose na área. A queda desproporcionada do avançado terá convencido o árbitro que se tratava de uma simulação.
A partida prosseguia sem grandes atractivos e, nas bancadas, para estimular um pouco o ambiente, iniciou-se um confronto de cânticos entre brasileiros e colombianos, com estes últimos a manifestarem-se corajosamente e sem cerimónias no mítico estádio carioca. No relvado, a primeira parte terminava com mais um lançamento longo, agora de Pogba (sempre muito vigiado por Kroos), que encontrou Benzema, mas o francês permitiu uma defesa fácil a Neuer.
Com obrigação de assumir o encontro, a França regressou para a segunda metade mais pressionante. Subiu as suas linhas, procurando criar alguma superioridade no meio-campo e libertar-se do bloqueio alemão, mas encontrava um muro defensivo quase sempre intransponível pela frente. A progressão parava nos derradeiros 30 metros. O conjunto de Deschamps abria, por outro lado, espaços na sua retaguarda e esteve sempre mais perto de sofrer o golpe de misericórdia do que de equilibrar o marcador.
Alguma descontracção excessiva dos germânicos no último remate acabou por manter o resultado como estava. Muller falhou ligeiramente o alvo, aos 69’, e ainda iria partilhar com o recém-entrado Andre Schuerrle (que rendeu Klose, aos 68’) a perdida mais escandalosa da tarde, aos 83’. A um cruzamento da esquerda de Ozil, Muller não acertou na bola, sobrando esta para o seu companheiro que, completamente isolado, atirou displicentemente possibilitando a defesa de Lloris com as pernas.
Com naturalidade e sem o sofrimento da partida com a Argélia, nos oitavos-de-final, a Alemanha volta a garantir presença numa meia-final.