Com Liu Xiang retira-se um génio das barreiras

O atleta chinês foi incapaz de vencer as lesões que afectaram a sua promissora carreira.

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Liu Xiang foi atraiçoado pelas lesões GOH CHAI HIN/AFP

A sua saída não é de todo inesperada, pois Liu Xiang nunca recuperou totalmente de uma primeira grave lesão num tendão que lhe arruinou os Jogos Olímpicos de Pequim. Em casa, nesses Jogos de 2008, ele era o atleta mais seguido por milhões de compatriotas e a sua saída de cena antes de conseguir sequer partir na eliminatória em que estava colocado foi um momento de choque para o público chinês.

Mais tarde recuperou, em 2012 estava de novo em grande forma mas, de maneira totalmente dramática, viria a ter um problema em tudo semelhante ao de quatro anos antes, nos Jogos Olímpicos de Londres, e então começou o caminho inevitável para a retirada agora consumada.

Nascido em Xangai, a 13 de Julho de 1983, criado pelos avós, Liu Xiang foi para uma escola de desporto aos 12 anos de idade e inicialmente estava apontado ao salto em altura, disciplina em que a China tem grande tradição. Após algumas evoluções e tendo sido notado como um atleta rápido e ritmado por Sun Haiping, que viria ser o seu treinador, orientou-se para as barreiras e viria a ter uma carreira fulgurante nos escalões jovens, tendo batido várias melhores marcas mundiais por faixas etárias, desembocando no recorde mundial júnior, com as barreiras (de tamanho senior) de 1,067m, que ainda hoje perdura, com 13,12s, em 2002, em Lausanne.

A partir daí a sua ascensão não parou. Dotado de uma aceleração final extraordinária conseguiu a medalha de bronze nos 110m barreiras nos Mundiais de 2003, em Paris, e logo no ano imediato tornou-se no primeiro campeão olímpico do atletismo masculino chinês em Atenas, igualando a 27 de Agosto o recorde mundial com 12,91s.

Dois anos mais tarde, a 11 de Julho de 2006, em Lausanne, bateu o recorde mundial, baixando-o para 12,88s. Tratou-se do primeiro e único atleta não negro a deter o máximo mundial das barreiras desde 1960, quando o alemão Martin Lauer obteve 13,56s, numa lista que compreendeu só norte-americanos e cubanos.

Foi um cubano, Dayron Robles, o primeiro a melhorar o seu máximo mundial, com 12,87s em 2008, em Ostrava, e por ironia seria o mesmo atleta que lhe impediria, numa fase de recuperação da lesão olímpica de 2008, um segundo título mundial. Liu Xiang ganhara esse certame mundial em Osaca, em 2007, e em Daegeu 2011 comandava depois da última barreira quando Robles o puxou pelo braço esquerdo, fazendo o chinês cair para terceiro. Serviu de pouca consolação a desqualificação de Robles.

Depois de Daegu voltou a encontrar a grande forma no ano olímpico de 2012, com 12,97s, mas vieram os Jogos britânicos e a má sorte de quatro anos antes voltou a reclamar os seus direitos.

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